A Stone pretende atingir um lucro líquido ajustado de R$ 4,3 bilhões em 2027, 2,5x maior que seu resultado atual, considerando o número do terceiro tri anualizado.
A empresa espera que o volume total de pagamentos (TPV) tenha um crescimento robusto, chegando a R$ 600 bilhões em quatro anos, em comparação aos R$ 350 bi de hoje.
A companhia também disse que quer ter uma carteira de crédito de mais de R$ 5,5 bilhões, e R$ 14 bilhões em depósitos de clientes em sua vertical de banking. Hoje, a carteira de crédito é de apenas R$ 113 milhões, e os depósitos somam R$ 4,5 bi.
O CEO Pedro Zinner deu o guidance hoje durante o Investor Day em Nova York, onde a Stone é listada.
A Stone passou ainda guidances de curto prazo: quer entregar um bottom line de R$ 1,9 bilhão no ano que vem e chegar a R$ 7 bilhões em depósitos e R$ 800 milhões em sua carteira de crédito.
Para chegar a esse resultado, a companhia vai focar em três grandes pilares: crescer em micro, pequenos e médios empreendedores; aumentar o engajamento da base com a integração dos serviços financeiros com software; e ganhar eficiência operacional, crescendo com investimentos incrementais.
Zinner disse ao Brazil Journal que, em software, a companhia definiu quatro segmentos prioritários para a implementação dos serviços financeiros. Esses segmentos — postos de gasolina, varejo, farmácias e alimentação — concentram 76% da oportunidade de mercado e têm uma concentração grande de PMEs, “o que faz ter um fit maior com nossa estratégia,” disse Zinner.
A Stone não está divulgando quanto espera que isso gere de receita adicional, mas o CFO Mateus Scherer disse que os quatro segmentos somam um TPV de R$ 236 bilhões. “Tem quase uma segunda Stone nessas verticais, e a nossa penetração atual é muito baixa, só de 8%,” disse ele.
Essa é uma das frentes que devem ajudar a Stone a atingir seu guidance de TPV. A outra é o crescimento orgânico da vertical de PMEs, que, para o CEO, será beneficiado por uma “distribuição e logística privilegiadas, que tem a ver com os ativos físicos que a gente já tem, mas também com as plataformas digitais que ajudam nessa distribuição.”
Sobre a integração de software e serviços financeiros, Zinner disse que a Stone vai trabalhar numa oferta integrada que tenha um custo total atraente e também ajude o cliente a melhorar sua produtividade e reduzir fraudes.
Ainda assim, ele disse que a companhia continuará buscando o mesmo nível de retorno. “Podemos subsidiar uma frente que o cliente valoriza mais, mas compensar em outra frente, de forma a termos um retorno atraente no conjunto da oferta,” disse o CEO.
No Investor Day, a Stone mostrou o comportamento de sua carteira de crédito. O NPL de 90 dias está virtualmente em zero, dado a idade do portfólio, que começou a ser construído há apenas cinco meses.
Já o NPL de 15 a 90 dias está em 0,4%.
A companhia também apresentou a inadimplência por safras. “Quando olhamos o NPL 30 dias três meses depois do desembolso, a inadimplência está em cerca de 2%,” disse o CFO. “Então tudo indica que vamos ter um nível de perdas abaixo de 10%, que era o que tínhamos indicado, e uma rentabilidade muito boa da carteira.”
A Stone também passou um guidance para o crescimento de suas despesas, que a companhia espera que cresçam ligeiramente acima da inflação no período, saindo de R$ 1 bilhão hoje para R$ 1,45 bi em 2027.
Mateus lembra que nos últimos três anos a Stone conseguiu reduzir drasticamente dois de seus principais custos, o de atendimento ao cliente, que caiu mais de 40% no período, e o de logística, que caiu 30%. “Com isso, já conseguimos capturar 3 pontos de margem EBT, e queremos que esses custos caiam ainda mais,” disse o CFO.
Para aumentar a eficiência, a Stone está trabalhando com o orçamento base zero, centro de serviços compartilhados e com a integração de seus back offices.
Ontem, a companhia divulgou que concluiu seu programa de recompra de R$ 300 milhões, que ela havia anunciado há apenas um mês, e que já está lançando um novo, dessa vez para comprar até R$ 1 bilhão em ações.
“O resultado nos últimos dois anos teve uma expansão de rentabilidade e uma geração de caixa muito forte. Só nos últimos doze meses geramos R$ 1,8 bilhão, que é 10% do nosso valor de mercado,” disse o CFO. “Essa geração de caixa é muito grande vis à vis o plano estratégico, então achamos que uma alternativa boa é a recompra.”