O dia em que o ser humano começou a trocar o jornal pelo Whatsapp como fonte de informação marcou o início de uma derrocada civilizatória.
Some-se a isso uma educação de baixa qualidade, e o resultado é o seguinte: boa parte dos jovens brasileiros (e certamente muitos adultos) não sabe distinguir fatos de opiniões.
É o que mostra um estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) — que reúne os países mais ricos do mundo e na qual o Brasil sonha em entrar.
O estudo se restringiu a estudantes de 15 anos, mas dado que é nessa fase que se desenvolvem as habilidades de interpretação de texto, é um bom indicador da realidade do País.
As descobertas são de arrepiar a nuca da cidadania.
No Brasil, 67% dos jovens de 15 anos — quase sete em cada dez — não sabe a diferença entre fatos e opiniões quando está lendo um texto.
Não é que o mundo esteja muuuuuito melhor, mas o índice brasileiro é bem maior que a média dos outros 79 países avaliados, que ficou em 53%.
Intitulado “Leitores do século 21: Desenvolvendo habilidades de alfabetização em um mundo digital”, o relatório diz que as tecnologias digitais possibilitaram “a disseminação de todos os tipos de informação, substituindo formatos tradicionais, como jornais, que geralmente fazem uma seleção mais criteriosa do conteúdo.”
Esse enorme fluxo de informações torna ainda mais importante que os leitores sejam capazes de distinguir ‘laranjas de bananas’.
“Os leitores devem aprender estratégias para detectar informações tendenciosas e conteúdo malicioso, como notícias falsas e e-mails de phishing,” Miyako Ikeda, analista sênior de Educação e Competências da OCDE, disse à repórter Elida Oliveira, do G1. “A ‘infodemia’ … torna mais difícil discernir a precisão das informações quando o tempo de reação é crucial. Isso ilustra como é essencial ser um leitor proficiente em um mundo digital.”
O estudo alerta para as consequências desse quadro para a saúde do contrato social.
“A desinformação pode levar a polarização política, diminuição da confiança nas instituições públicas e falta de credibilidade na democracia.”