“As vendas do Dia dos Namorados foram tão boas que é possível que as pessoas estejam namorando mais de um.”
Essa foi a definição do CEO Fernando Tracanella sobre a performance da Track&Field na data comemorativa, num segundo tri que teve também o Dia das Mães.
As vendas cresceram no trimestre como um todo. A receita líquida da varejista de artigos esportivos foi de R$ 192 milhões – uma alta de 23,3% na comparação anual – enquanto as vendas no conceito mesmas lojas aumentaram 16,4% – 3,2 pontos mais que no mesmo período no ano passado.
No sell out, que inclui as vendas de franquias e do online, a receita chegou a R$ 320 milhões, uma alta de 21,5%.
O bottom line, por sua vez, subiu 8,3% para R$ 30 milhões.
Mas ao mesmo tempo em que a empresa vende mais, as margens têm sido afetadas pelo investimento na TFSports, o marketplace de bem-estar da companhia.
A margem bruta da Track&Field caiu para 55,8%, redução de 1,3 ponto ano contra ano. Sem os investimentos no TFSports, ela teria ficado em linha.
O mesmo aconteceu com a margem EBITDA, que teve uma queda de 1,7 ponto no tri. Sem contar a TFSports, a redução teria sido de 0,6 ponto.
Segundo o CEO, trata-se de um risco “muito calculado.”
“Quando olhamos o efeito positivo para o negócio, o investimento vale muito a pena,” Tracanella disse ao Brazil Journal. “Vemos como uma startup que vamos colher lá na frente.”
A aposta na TFSports é tão grande que há um ano o fundador Fred Wagner decidiu deixar o cargo de CEO para se dedicar somente ao aplicativo – uma mistura de marketplace com plataforma que organiza eventos como corridas de rua e torneios de beach tennis.
O crescimento tem sido de startup: no segundo tri, a receita líquida da TFSports praticamente dobrou ano contra ano e bateu R$ 17 milhões.
O número de usuários no aplicativo cresceu 44,5% em um ano, alcançando 710 mil. Destes, 102 mil se inscreveram em alguma atividade.
Para rentabilizar o negócio, a Track&Field deve lançar uma nova versão do aplicativo até o fim do ano, incluindo produtos da companhia entre os itens a serem comercializados.
“Estamos trabalhando para rentabilizar a TFSports o mais rápido possível, mas sem afetar o negócio do varejo,” disse o CEO. “Eu acho que o mercado não valoriza o negócio como deveria, mas é uma questão de tempo.”
Segundo ele, os clientes que fazem parte da TFSports se tornam mais fiéis à marca, além de consumir mais produtos.
Ele dá o exemplo das organizações de corridas de rua. Para retirar o kit com o número e a camiseta, o corredor precisa ir a uma das lojas da Track&Field.
“São milhares de pessoas indo para essa loja. Nós percebemos que essas datas viram praticamente um segundo Natal para a unidade,” disse.
A empresa também segue inaugurando e reformando lojas. No segundo tri foram 15 lojas abertas e 14 reformadas – totalizando 374 unidades.
“Ainda vamos precisar de dois anos para reformar todas as unidades e isso vai trazer muita rentabilidade para o negócio: uma loja reformada vende até o dobro de uma que está no modelo antigo,” disse o CEO.
Outra via de crescimento que se abriu neste trimestre foi a estreia no exterior com a abertura da primeira loja em Portugal. Segundo Tracanella, os resultados estão surpreendendo, e novas unidades podem surgir na Europa por meio de franquias.
A Track&Field negocia a 12x o lucro estimado para 2025. A ação cai 12,6% nos últimos 12 meses, e a companhia vale R$ 878 milhões na Bolsa.