O SNEL11 — um fundo imobiliário que investe em usinas de geração solar distribuída — estreia amanhã na B3 inaugurando uma nova tese no mercado de FIIs e oferecendo um retorno estimado em IPCA + 20% para os cotistas.
O fundo, gerido pela Suno Asset, levantou R$ 50 milhões em dezembro do ano passado para construir sete usinas solares — em Minas Gerais, Pernambuco e no Ceará — com uma capacidade total instalada de 11 MW.
O SNEL11 só foi listado agora porque os investidores originais concordaram com um lockup de 12 meses — o tempo necessário para finalizar a construção dos sete ativos.
Em paralelo ao início das negociações, o fundo está finalizando uma segunda emissão de cotas para captar mais R$ 116 milhões que serão investidos na construção de seis a oito usinas, elevando a capacidade instalada para mais de 30 MW.
Dois investidores-âncora deram um commitment de R$ 70 milhões para a nova emissão, e os cotistas atuais exerceram seu direito de preferência em cerca de R$ 20 milhões.
Essa segunda emissão está sendo feita na forma de um recibo do SNEL11, que será convertido em cotas do fundo em abril do ano que vem.
Do total captado, R$ 16 milhões são uma “taxa de ingresso” que os novos cotistas pagarão para garantir que a distribuição mensal de dividendos continue no mesmo patamar de hoje (R$ 1,60 por cota) mesmo durante o período de obras das novas usinas.
O Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), a consultoria de Adriano Pires, é sócia dos projetos, recebendo 2% do lucro líquido gerado pelas usinas.
Pedro Rodrigues, sócio do CBIE, disse ao Brazil Journal que a estruturação do produto como um FII garantiu a isenção de IR e turbinou o retorno.
“O modelo tradicional de geração distribuída é fazer o arrendamento das terras por vários anos e construir a usina lá,” disse ele. “Conseguimos autorização da CVM para estruturar como FII porque, em vez do arrendamento, fizemos um contrato de direito de uso de superfície, que é como se fosse uma compra por um período específico.”
No caso do SNEL11, as terras foram transferidas ao fundo pelo prazo de 30 anos. Depois desse período, elas terão que ser devolvidas ao antigo dono.
A receita do fundo vem do aluguel da capacidade da usina para os consumidores de baixa tensão — basicamente casas, apartamentos e comércios de pequeno porte.
O SNEL11 vai estrear na Bolsa com um retorno estimado pela Suno bem superior ao da maioria dos FIP-IEs, os fundos de infraestrutura que são listados na Bolsa e restritos a investidores qualificados.
A maioria desses fundos negocia hoje com uma TIR entre IPCA + 9% e IPCA + 12%, enquanto o SNEL11 vai estrear negociando a IPCA + 20%.
O retorno estimado pela Suno assume como premissa um preço de energia da GD com um leve crescimento ao longo dos anos, disse Bruno Pascon, sócio do CBIE em São Paulo.
Além da execução das novas usinas, que devem levar mais um ano para ficar prontas, o risco da tese é basicamente o preço da energia no longo prazo. Hoje, a energia da geração distribuída é vendida com um desconto em relação ao preço da energia vendida no mercado cativo (das distribuidoras).
Como o preço das distribuidoras só tende a subir, o risco para a queda dos preços da GD é basicamente regulatório: a abertura do mercado livre de energia para a baixa tensão.
O coordenador líder da oferta é a Guide Investimentos, com a assessoria jurídica do BMA Advogados.