A HB Saúde, uma operadora de porte médio de São José do Rio Preto, está sendo disputada pela Hapvida e SulAmérica com ofertas não-solicitadas na casa de R$ 500 milhões.
Em julho, a Hapvida ofereceu R$ 450 milhões, valor que na semana passada foi elevado para R$ 472 milhões numa oferta que será analisada pelos 500 médicos-acionistas da HB Saúde na quinta-feira. Mas ontem, a SulAmérica entrou no páreo com uma oferta de R$ 485 milhões.
Se a SulAmérica prevalecer, esta será a terceira aquisição dentro da sua estratégia de investir no modelo semi-verticalizado, em que a operadora faz a maior parte dos atendimentos primários e secundários por meio de seus médicos parceiros e cuida dos casos de alta complexidade usando outras redes hospitalares.
O mercado gostou do movimento: a ação da SulAmérica sobe 2,7% no início da tarde. A empresa negocia a 12x seu lucro estimado para o ano que vem, em comparação a 34x da Hapvida.
Para a Hapvida, a aquisição é igualmente importante porque permite que a São Francisco, adquirida há dois anos, cresça numa região vizinha a Ribeirão Preto.
A HB Saúde opera um plano de saúde com 130 mil beneficiários e um plano odontológico de 25 mil vidas. (Os planos custam em torno de R$ 160/mês, o mesmo price point de uma operadora verticalizada como a Hapvida).
Além disso, a HB é dona de 20% de um hospital com 40 leitos cirúrgicos, oito unidades ambulatoriais, uma clínica infantil, além de centros clínicos e de diagnóstico, espaços de medicina preventiva e um centro oncológico. A empresa está na fase final de construção de um centro clínico em Rio Preto com 12 mil metros quadrados.
As unidades estão localizadas principalmente nas cidades de São José do Rio Preto e Mirassol, no interior de São Paulo.
A HB teve um faturamento de R$ 300 milhões no ano passado, uma sinistralidade de 75% e lucro líquido de R$ 27 milhões. A companhia não tem dívidas.
Mais do que as 130 mil vidas que a SulAmerica adicionaria à sua base de 2,3 milhões de clientes, a aquisição mostra que a operadora vai continuar investindo para competir com os players verticalizados, um movimento que começou com a criação dos planos SulAmérica Direto em 2019.
Em meados do ano passado, a SulAmérica comprou a Paraná Clínicas, numa aquisição casada com a Rede D’Or. Em seguida, a Paraná Clínicas comprou a Santa Casa de Ponta Grossa, uma operadora com 25 mil vidas.
Raquel Giglio, a vp de saúde da SulAmerica, disse ao Brazil Journal que a Paraná funcionará como o ‘hub’ para a expansão da SulAmérica na região Sul, e a HB Saúde, no estado de São Paulo.
“São duas regiões muito ricas e exigentes na qualidade da assistência médica, o que gera um fit muito grande com a SulAmérica,” disse Raquel.
Segundo ela, a aquisição também abriria espaço para a SulAmérica oferecer o Direto na região; o plano tem um tíquete médio de R$ 250/mês.
O UBS disse que a aquisição é “consistente com os movimentos recentes [da SulAmérica] que direcionaram a companhia para planos mais acessíveis com ambulatórios próprios”, e que a aquisição endereça o “perfil de crescimento tímido da SulAmérica (uma preocupação recorrente dos investidores).”
O JP Morgan disse que o investimento num modelo mais verticalizado-integrado é bem vindo dado que esse modelo está “melhor ancorado para entregar crescimento sustentável no setor”.
Já para o BTG, a proposta indica que “a agenda de M&As da SulAmérica ‘is still alive and kicking’.”