A ação da Stone chegou a cair 29% hoje depois da companhia publicar seu resultado do segundo trimestre. No final da tarde, a queda havia moderado para 22%, com o papel saindo ao redor de US$ 9 em Nova York.

“O mercado de adquirência está sem long-term holders. Ninguém tem confiança no futuro da indústria,” disse um analista de buyside. “A Cielo entregou um resultado bom e as pessoas se animaram,  achando que podia haver um ponto de inflexão. Só que a Cielo veio melhor que o esperado, mas a Stone veio só em linha, então todo mundo que especulou numa virada está se zerando.”

O dia está sendo tenebroso para todo o mercado de tech e fintechs. No final da tarde, PagSeguro caía 10%; Cielo caía 2%; e Square caía 7%.

A empresa reportou um lucro repleto de ajustes e anunciou a troca do CFO em meio a um turnaround, o que causou espécie no mercado. 

Marcelo Baldin, que era o CFO há 4 anos, está deixando a empresa e será substituído por Silvio José Morais, um ex-controller da Ambev por 20 anos e no conselho da Stone desde 2019. 

A Stone reportou lucro líquido ajustado de R$ 76,5 milhões, dentro do guidance de R$ 75 milhões que havia dado ao mercado. 

O BTG Pactual considerou as despesas de R$ 30 milhões com stock options como recorrentes e calculou um lucro líquido  recorrente para a Stone de R$ 47 milhões, com margem de 2% – abaixo dos R$ 65 milhões estimados pelo banco. 

Para os analistas Eduardo Rosman, Thiago Paura e Ricardo Buchpiguel, os números mostraram recuperação em relação ao ano passado, mas a rentabilidade ainda está aquém do esperado, “o que torna difícil justificar o valuation atual da empresa.”

O BTG disse que o lucro recorrente da Stone no primeiro semestre ficou em cerca de R$ 90 milhões, o que tornou as expectativas dos analistas de R$ 360 milhões para o lucro desde ano e de R$ 810 milhões em 2023 “muito agressivas”. 

Para que a Stone alcance as estimativas de lucro no ano, o resultado precisa triplicar no segundo semestre. Mesmo se isto acontecesse, a ação ainda estaria negociando acima de 50x o lucro deste ano.

Assumindo que o lucro de 2023 seja duas vezes as estimativas mais bullish para 2022, o papel estaria a 25x lucro. 

O BTG disse que prefere a Cielo no setor. (A empresa negocia a cerca de 10x o lucro deste ano.)

Já no JP Morgan, os analistas disseram que a receita líquida da Stone, segundo os ajustes do banco, caíram 1% no trimestre. “Em última análise, isso significa que a Stone não conseguiu repassar para seus preços o aumento que teve em seu custo de funding,” disse o JP Morgan.  

As receitas do MDR (merchant discount rate) aumentaram 9% de um tri para o outro, mas o resultado financeiro líquido encolheu o dobro (19%), e por conta disso a receita não cresceu. 

O JP também disse preferir a Cielo.

No Itaú BBA, o analista Pedro Leduc considerou ‘modesto’ o guidance dado pela empresa para o terceiro tri. A companhia espera receita de R$ 2,4 bi; um volume transacionado de R$ 73,5 bi; e EBT (earnings before taxes) de R$ 125 milhões.

“O guidance sugere desaceleração no crescimento de volumes, com aceleração de ganhos de eficiência,” escreveu Leduc. 

A queda acentuada de hoje vem depois do papel ter subido 35% nos últimos 30 dias.