Pela primeira vez, a fortuna de Steve Ballmer — um dos primeiros funcionários da Microsoft e CEO da empresa por 14 anos — ultrapassou a de Bill Gates, o fundador da gigante do software.

A fortuna de Ballmer atingiu US$ 157,2 bilhões esta semana, em comparação aos US$ 156,7 bilhões de Gates. 

O caso de Ballmer mostra como manter ações de boas empresas por longos períodos pode ter um efeito exponencial na construção do patrimônio – aliado à sorte (ou ao talento) de ter descoberto uma das Magnificent 7 décadas atrás.

A concentração também é um fator importante.

Ballmer hoje é o maior acionista individual da Microsoft, com 4% do capital. Já Gates vendeu boa parte de suas ações ao longo dos anos para alimentar sua fundação, e hoje tem apenas 1% da companhia que fundou.

Quando entrou na Microsoft, em 1980, depois de largar seu curso de MBA em Stanford, Ballmer não tinha equity na companhia. Seu pacote incluía um salário base de US$ 50 mil/ano e 10% de todo o lucro adicional que ele conseguisse gerar.

O executivo começou de baixo. 

“Eu comecei como assistente do presidente. Eu era assistente do Bill, basicamente: cozinheiro-chefe e lavador de garrafas,” Ballmer disse numa entrevista a David Rubenstein. “Eu montei toda a contabilidade, que já existia, mas precisava ser profissionalizada. Eu era o departamento de RH, eu contratei todo mundo.” 

Com o crescimento brutal da Microsoft nos anos seguintes, a participação de Ballmer nos lucros passou a ser insustentável, e os fundadores renegociaram seu contrato: ele ficou com 8% da companhia em troca de abrir mão de seu profit share.

No IPO, em 1986, essa fatia valia cerca de US$ 55 milhões, já que a companhia foi avaliada em US$ 700 milhões.

Nas décadas seguintes, Ballmer manteve sua participação praticamente intacta, vendendo poucas ações. O executivo se tornou CEO da Microsoft em 2000 e ficou na posição até se aposentar em 2014. 

“Quando eu era CEO, eu simplesmente achava que não era correto vender minhas ações,” Ballmer disse na entrevista a Rubenstein, segundo a CNBC. “Quando eu saí, eu ainda amava a companhia. Eu fiz muito pouco para diversificar o meu patrimônio. Coloquei um pouco de dinheiro para caridade, mas eu sou um cara leal. Eu ainda dirijo carros da Ford e mantenho minhas ações da Microsoft.”

Hoje a Microsoft vale US$ 3,4 trilhões na Bolsa.  E a posição de Ballmer, US$ 140 bilhões.