A SPX disse que errou na sua leitura de Brasil, o que lhe custou um mês de junho sofrível.
Rogério Xavier, fundador e principal sócio da gestora, fez um mea culpa sobre o erro na estratégia numa reunião com investidores hoje.
Segundo pessoas que participaram da reunião, Rogério disse que estava mais otimista no início do ano com sua estratégia, imaginando que os juros futuros seguiriam em trajetória de alta e a Bolsa continuaria sofrendo.
Mas o mercado e o cenário foram na direção contrária, e a maior gestora independente do País não pegou o movimento de alta do Ibovespa e de queda nos juros. A SPX administra cerca de R$ 60 bilhões de clientes.
“Acabamos operando o ruído e perdendo um pouco fundamento e o fato,” disse Rogério, segundo um investidor que estava na call.
Com isso, o Nimitz, o principal fundo multimercado da gestora, apresentou um retorno negativo de 3,36% em junho, contra um CDI de 1,07% no mês. O Raptor — que segue a mesma estratégia, mas é 2x mais alavancado — caiu 7,46%.
No ano, o Nimitz acumula uma queda de 2,26%, ante uma alta de 6,5% do CDI. O Raptor cai ainda mais: 9,74%.
Rogério disse que agora o fundo está aplicado em juros no Brasil. Ao mesmo tempo, segue comprado em dólar e short no S&P 500.
Na carta mensal enviada hoje aos cotistas, a SPX discutiu a sua estratégia de equities: disse que segue com alocações relativas nos Estados Unidos “refletindo visão negativa com o cenário macro.” Na bolsa brasileira, a mesma estratégia: a gestora não tem uma alocação direcional, apenas trades de valor relativo. (Por exemplo, comprada em uma ação e vendida em outra do mesmo setor)
Em commodities, a SPX tem posições vendidas e de valor relativo em metais industriais. Já no mercado de crédito de mercados desenvolvidos, a gestora moveu parte de sua exposição em ativos de duration curto para posições high yield via índices — e também fez um hedge tático em ativos com investment grade.
Já no crédito na América Latina, a gestora afirma que há um certo alívio, causado principalmente pelos números de inflação e atividade nos EUA melhores do que o esperado.
Segundo a SPX, o mercado primário voltou a ficar ativo (mesmo que ainda de maneira tímida) e o secundário performando melhor.
“Voltamos a ficar mais construtivos no curto prazo, enxergamos oportunidades em alguns nomes corporativos idiossincráticos, além de também nos aproveitarmos da volatilidade do mercado para termos posições mais táticas,” escreveram os gestores da SPX.
“Eles têm mandato para isso [uma queda desta magnitude]. Eles renderam 40% ano passado,” disse um alocador de recursos independente, que afirmou estar aumentando sua exposição aos fundos da SPX.