Com o mantra ‘small business first’, o cofundador da Stone, Eduardo Pontes, está repetindo na Europa o mesmo playbook que levou a adquirente brasileira à Nasdaq e a transformou numa das maiores companhias de pagamentos do Brasil.

Desde que foi fundada há dois anos em Londres, a SaltPay já captou mais de US$ 700 milhões em diversas rodadas: a mais recente foi mês passado, quando a fintech levantou US$ 500 mi a um valuation de US$ 5,3 bi, segundo o site europeu Sifted, que deu a notícia em primeira mão, e fontes próximas à empresa. 

11457 9c79d79d 4478 40e5 c5e1 a59115ebbd24A rodada Série C incluiu investidores como o fundo inglês Hedosophia e o Tiger Global, um investidor de early stage do Facebook e LinkedIn.

A SaltPay tem aplicado essa montanha de dinheiro para comprar uma startup atrás da outra, entrando em mercados como Portugal, Hungria, República Tcheca, Islândia e Reino Unido — e atingindo uma base de mais de 60 mil merchants.  

Só nos últimos doze meses, foram seis aquisições, incluindo a Bogun, uma fintech da Islândia, e a YoYo, uma wallet inglesa. 

Até o discurso da SaltPay é um eco da Stone.

“Nosso foco é simplesmente colocar as PMEs em primeiro lugar,” Ali Mazanderani, o chairman e co-fundador, disse ao Sifted. “Sou extremamente apaixonado pelos donos de negócio locais, principalmente das cidades pequenas e em áreas mal servidas, e o mercado não conversa com eles.”

Ali tem uma ligação antiga com a Stone. A Actis, a gestora onde ele foi sócio por quase 10 anos, foi um dos primeiros investidores da brasileira, e ele ainda é membro do conselho da Stone. 

Não está claro como é o cap table da SaltPay, mas o Sifted diz que os maiores acionistas são todos pessoas ligadas à Stone, incluindo o atual chairman, André Street. 

Mas a SaltPay tem uma vantagem.

Apesar de seguir o mesmo roteiro da brasileira — conquistar os pequenos e médios varejistas com suas maquininhas de cartão —, a SaltPay está antecipando movimentos que a Stone demorou anos para fazer: ela já nasceu oferecendo software de gestão para PMEs, uma carteira digital e crédito. 

A SaltPay também está criando a infraestrutura tecnológica para começar a oferecer seus produtos para outras empresas num modelo de fintech-as-a-service. 

Analistas ouvidos pelo Sifted se mostraram céticos com a estratégia de M&A, questionando se “comprar um monte de startups a torto e a direito não faria a empresa perder o foco” e descrevendo as aquisições como “compras de empresas medíocres”.

“A SaltPay precisa ser muito agressiva em seu crescimento ou eles não vão conseguir se firmar num mercado extremamente competitivo… é por isso que eles estão comprando tanto… mas você não pode juntar grupos aleatórios e esperar que isso funcione,” um deles disse ao site.

As críticas podem até ter algum fundamento, mas parecem ingênuas dado o currículo dos empreendedores. Para quem teve que cavar seu lugar ao sol lutando contra um duopólio (Cielo e Rede), o ambiente europeu talvez seja mais parecido com uma colônia de férias. 

 

ERRAMOS:  Uma versão anterior deste post dizia que o valuation da SaltPay está em US$ 1 bi.