Depois de um primeiro semestre de forte retomada nas vendas, muitos investidores têm questionado a capacidade dos shoppings de continuar crescendo no mesmo ritmo – um sinal de alerta preocupante porque limitaria novos aumentos nos aluguéis.
O Itaú BBA discorda dessa leitura e acha que ainda “há um espaço significativo para novos aumentos”, apesar dos same-store rents “suculentos” reportados no último trimestre.
Para o banco, os aluguéis podem continuar subindo no ritmo de 50% em comparação a 2019, mesmo que as vendas do setor percam fôlego ao longo do segundo semestre.
Há dois motivos por trás da convicção.
No primeiro trimestre, o valor médio do aluguel do metro quadrado subiu 37% em comparação ao mesmo período de 2019. Ao mesmo tempo, o IGP-DI, o benchmark para os reajustes, avançou 62%. Em outras palavras, ainda existe espaço para mais repasses apenas para corrigir a inflação acumulada.
Além disso, os shoppings estão com uma taxa de ocupação alta, de mais de 95%, o que lhes dá poder de barganha.
Para o banco, o aumento no custo da ocupação não seria um problema para os inquilinos. Mesmo com um repasse total da inflação acumulada no período e um crescimento de vendas conservador, os ganhos de eficiência e a alavancagem operacional dos lojistas permitiriam que eles absorvessem os novos aumentos.
“A boa dinâmica dos custos de ocupação e das finanças dos lojistas abrem espaço para novos aumentos,” escreveu o analista Daniel Gasparete. “Nesse cenário, [os shoppings com] carteiras dominantes poderiam aproveitar seu significativo poder de barganha para marcar seus contratos no mercado.”
Gasparete tem recomendação de compra para todos os papéis do setor, mas seu top pick é a Multiplan.
Apesar das melhoras operacionais, as ações dos shoppings nunca voltaram aos níveis pré-pandemia.