A Shein tem despontado como um dos grandes fenômenos do varejo de moda no Brasil — chegando em pouco tempo a um GMV de R$ 8 bilhões, com um market share de 5% do varejo de moda e 27% das vendas online do setor. 

Agora, no entanto, uma das principais vantagens competitivas do ecommerce chinês está sob ataque. 

Respondendo à pressão do setor, o Governo tem falado em aumentar a taxação das importações de pequenos valores, e, segundo o Itaú BBA, a fiscalização dessas remessas já parece ter aumentado nos últimos meses.

Segundo um relatório publicado hoje pelo banco, as importações desses produtos estão desacelerando fortemente. Em janeiro e fevereiro, a alta ainda é de 14% e 11%, respectivamente – mas muito menos que as altas de 91% e 103% em janeiro e fevereiro de 2022. 

No ano passado inteiro, as importações desses produtos subiram 131%; em 2021, mais de 60%. 

“Isso pode significar que os reguladores já estejam adotando uma fiscalização mais rigorosa da atividade cross-border no Brasil,” escreveu o analista Thiago Macruz. “Não descartamos a possibilidade de implantação de medidas de arrecadação tributária ainda mais rígidas no curto prazo, que podem afetar as operações desses players.”

O analista nota relatos de consumidores da Shein na internet, que dizem que começaram a ser cobrados recentemente com uma taxa adicional de importação quando seus produtos chegam no Brasil.

“Nas compras de até US$ 500, a alíquota do imposto de importação é de aproximadamente 60%, portanto, qualquer tributação adicional do Governo tiraria a vantagem da Shein em oferecer preços baixos.”

Para o Itaú, dado que o Governo ainda não anunciou nenhuma proposta formal de aumento dos impostos dos players internacionais, “acreditamos que os reguladores já adotaram uma supervisão mais rigorosa da atividade internacional no Brasil.”

Segundo o banco, as varejistas brasileiras de moda devem se beneficiar desse cenário, com destaque para a Lojas Renner.

“Para aqueles com horizonte de investimento de 12 meses, vemos um risco-retorno muito atrativo na Renner, com a companhia negociando a 11,5x o lucro estimado para este ano.”

A ação da Renner negocia R$ 15,15, sua menor cotação desde dezembro de 2016, com a empresa valendo R$ 14,6 bilhões.