Desde que fundei a Constellation em 2002, a maioria de nossos clientes sempre foram investidores estrangeiros: fundos soberanos, endowments, famílias, seguradoras de todas as regiões do mundo. 
 
Recentemente, a fim de diversificar nosso passivo, começamos a acessar investidores locais, entre os quais pessoas físicas. Neste processo passamos a nos relacionar mais com pequenos investidores, o que nos tem sido gratificante e muito educativo. A vontade de aprender e dedicação de algumas pessoas é impressionante. Por outro lado, ouvimos muitas histórias tristes:

“Perdi todas minhas economias na bolsa”, ”Queria comprar Petrobrás, errei e comprei opções de Petrobrás sem querer e perdi R$ 80 mil, economias de 20 anos”, “Comprei ações da Oi e elas estão caindo; o que faço?”, “Como sei quando é para vender uma ação?”, “O que é EBITDA?”, “Quem é Warren Buffett?” etc.

 
Algumas das histórias são de partir o coração.

Diferentemente de outras profissões, existe a falsa impressão que investir na Bolsa é fácil. As barreiras a entrada são mínimas. Ninguém se arrisca a assumir um manche de avião sem ter estudado anos. Ninguém se atreve a realizar uma cirurgia sem ser médico. Já para investir na Bolsa, basta ter algum dinheiro e começar.

Como há excelentes cursos de investimentos no mercado, nosso time decidiu criar um curso próprio complementar, ministrado pelos próprios profissonais da Constellation.

 
Pessoalmente, na minha vida de investidor, tive o privilégio de ter mentores que me inspiraram e ensinaram a maneira correta de analisar empresas e gerir investimentos. Este curso também é um gesto de gratidão a todos os que investiram seu tempo nos ajudando. 
 
O curso — Constellation University — é gratuito e são 9 aulas já disponíveis no Youtube.  Futuramente incluiremos novos conteúdos. 

Em meus 30 anos de mercado vejo alguns erros recorrentes de novos investidores. Por sinal, eu mesmo já cometi todos eles, mas aprendi cedo.

 
Seguem os principais:

1. Não ter um plano. Faça como os Navy Seals: esteja preparado para todos os cenários. Os Navy Seals — corpo de elite da Marinha americana — nunca saem para uma missão sem um plano bem elaborado. Se alguma eventualidade acontece, eles agem na hora sem nem conversar, pois já se prepararam para aquilo. A mesma teoria vale para o mercado de ações. Antes de investir coloque no papel: por que comprou, o que fará se a ação for subindo, e principalmente o que fará se a ação cair.
 
2. Comprar uma ação porque outra pessoa indicou. Quando algum gestor renomado compra uma ação ele tem um plano e sabe quando deve comprar mais ou vender. A pessoa que comprou na dica, possivelmente não sabe o motivo e ficará perdida com a volatilidade e certamente venderá no pior momento. É facil saber as ações que a Constellation tinha há 90 dias, mas podemos ter vendido justo aquela que você resolveu comprar, e voce só saberá muito tarde.

3. Investir mais do que está disposto a perder.  Não sou fã de cassinos, mas quando eventualmente estou em um, separo um pequeno valor para poder perder. É quase um ticket para me divertir. Depois de perder aquele valor pré-determinado, vou embora. Se o investidor busca emoções na bolsa (lugar errado, mas tudo bem), deveria separar um dinheiro para poder perder. O dinheiro separado para investir deve ser investido com cautela e em um tamanho que não gere noites mal dormidas. Se você tem mais em bolsa do que deveria, vai invariavelmente vender na baixa e sair do mercado na pior hora.

4. Gastar apenas alguns minutos por semana estudando o mercado. É importante ler as notícias diarias para acompanhar suas empresas, mas todos temos também de estudar os fundamentos sempre. Livros sobre negócios, relatorios anuais e conversas com empregados, executivos e clientes são parte permanente de nossa rotina. Reler os livros clássicos e as cartas de Warren Buffett também é fundamental. Certamente o tenista Roger Federer dedica mais de 30 horas por semana aos treinamentos e revê os fundamentos sempre.

5. Deixar-se levar pelas emoções.  A alegria de ganhar na Bolsa é viciante, e quando se acerta uma vez geralmente se quer acertar a próxima. A ganância e o excesso de confiança na alta podem levar o investor a exagerar o tamanho da posição e perder muito dinheiro em uma correção. Neste momento de perda, o pânico e a dor de perder tomam conta e o investidor tende a vender na baixa.  Saber quando não fazer nada também é importante, mas no bull market a dor de não participar muitas vezes é insuportável. Faça menos e melhor.

6. Vender as ações que se valorizam e manter as que vão mal.  Este erro é muito comum, inclusive entre os profissionais. Minha experiência é que se a ação não está indo bem pois os fundamentos mudaram, é melhor reconhecer a perda e seguir em frente, não manter uma falsa esperança. Se a ação e a empresa vão bem, o melhor é continuar investido.

Os melhores investidores também erram e sofrem nas perdas ou se animam nas altas, afinal somos todos humanos. A diferença é que as lendas tem um plano, são humildes, estão sempre estudando, possuem uma carteira diversificada e reconhecem suas emoções mas tem a capacidade de controlá-las.