Quase um ano depois de anunciada, o CADE aprovou há pouco — sem restrições — a aquisição dos ativos de margarina e maionese da Bunge do Brasil pela JBS.
Com o fechamento da transação, a Seara salta para a segunda posição na indústria de margarinas, depois da BRF, donas da marcas Qualy, Deline e Claybom.
Analistas estimam que a BRF tenha um share de 50%, contra 32% para todas as marcas que agora pertencem à Seara. O terceiro player é a Vigor, com estimados 8%.
Depois de cinco anos andando de lado, o mercado de margarina experimentou um boom de consumo este ano. Com a covid, as pessoas estão ficando mais em casa e usando a margarina para culinária, fazendo bolos, doces e outras comidas de indulgência.
O negócio agrega R$ 1 bilhão ao faturamento da Seara e está em linha com a estratégia da marca de expandir seu portfólio de produtos de maior valor agregado.
Em dezembro passado, a JBS concordou em pagar R$ 700 milhões pelos ativos de margarina da Bunge: as marcas destinadas ao varejo (Cremosy, Cukin, Delícia, Primor), ao food service (Cukin, Primor, Ricca e Gradina), além da maionese Salada. A operação também inclui a venda de unidades produtivas em São Paulo, Gaspar (SC) e Suape (PE), e o licenciamento das marcas Predileta, Soya e Suprema.
A Seara já é dona das marcas Doriana e Delicata.
A superintendência-geral do CADE já havia aprovado a transação em 31 de julho. No fim de outubro, no entanto, o conselheiro Luis Braido avocou o caso, levando a discussão para o tribunal do CADE.
A transação vem num momento em que a BRF está dobrando sua aposta no segmento.
No início do ano, a dona da Sadia e Perdigão retomou sua linha de produção de margarinas em Uberlândia, que estava parada há dois anos, e aumentou sua capacidade de produção em 35% de 330 mil para 450 mil toneladas/ano.
A BRF mirou no que viu e, com a covid, acertou no que não imaginava.
A planta hoje roda em três turnos. Há dois meses, a BRF retomou a produção da Becel, marca que pertence à Upfield.