Depois de resultados fortes no primeiro tri, o Santander espera que o momentum operacional das telcos continue ao longo do ano, ajudado por um ambiente competitivo mais benigno. 

Para o analista Felipe Cheng, “as telcos brasileiras continuam a oferecer uma assimetria positiva para os investidores.”

Segundo ele, as empresas do setor devem entregar um forte crescimento orgânico de top line, provavelmente acima da inflação; as margens devem se expandir ao longo do ano impulsionadas pelas sinergias da consolidação; e o capex nominal deve cair.

Para completar, o Santander está estimando um free cash flow yield de dois dígitos para a Vivo e a TIM Brasil — o que deve se traduzir em dividendos gordos para acionistas. 

“Ainda que a Vivo e a TIM tenham performado acima do Ibovespa este ano (+ 11% e + 16%, respectivamente), o valuation continua descontado em relação à média histórica,” escreveu o analista.

Nas contas do Santander, a Vivo negocia a 3,9x o EBITDA estimado para este ano, a 15x o lucro, a um free cash flow yield de 12%, e com um dividend yield de 9%.

Já a TIM negocia a 4,1x EBITDA, 17x lucro, 11% FCF yield e com um dividend yield de 7%. 

O banco escolheu a Vivo como seu ‘top pick’ do setor por conta das tendências “encorajadoras” do primeiro tri e um valuation mais atrativo. “Em termos relativos, acreditamos que a Vivo deveria negociar com um prêmio em relação à TIM, considerando um crescimento de top line mais forte, e uma percepção de qualidade melhor no portfólio.”

O Santander tem recomendação de ‘compra’ para as duas empresas. No relatório de hoje, o banco elevou seu preço-alvo para a ação da Vivo de R$ 52 para R$ 55, um upside potencial de 33%. A ação fechou ontem a R$ 41,14, com a companhia valendo R$ 70 bilhões na Bolsa.

Para a TIM, o preço-alvo se manteve em R$ 17, um upside potencial de 20%. A ação fechou ontem a R$ 14,24.

Segundo Cheng, a possibilidade das telcos entregarem crescimentos acima da inflação tem “intrigado” os investidores nos últimos meses, já que essas empresas “usualmente são vistas como companhias de pricing power limitado. No entanto, continuamos a ver as operadoras fazendo aumentos de preços acima da inflação.”

Em abril, tanto a Vivo como a TIM reajustaram seus preços (em high single ou low double digits) para mais de 50% dos seus clientes pós-pagos. Para o Santander, os reajustes também devem acontecer no segmento pré-pago.

“Conforme essas dinâmicas favoráveis continuem, esperamos que os investidores comecem a incorporar o crescimento real como o cenário base para frente (o que já está refletido nos nossos números), potencialmente gerando uma revisão no consenso para os lucros, especialmente na Vivo,” escreveu Cheng.