O Santander Brasil publicou um terceiro tri acima do consenso, voltando ao patamar de R$ 4 bi de lucro depois de mais de três anos, diversificando receitas e melhorando despesas.
A ação subiu 2% no início do pregão.
O lucro líquido foi de R$ 4 bilhões, um crescimento de 9,6% na comparação anual e de 9,4% frente ao trimestre anterior. O ROE chegou a 17,5%.
A expectativa do mercado para os resultados era baixa, em razão de um segundo trimestre difícil e do fato da carteira de crédito do Santander crescer menos que a dos concorrentes.

O consenso indicava um lucro de R$ 3,7 bilhões no trimestre, pouco maior que o reportado entre abril e junho. Para o ROE, a projeção era próxima dos mesmos 16,4% alcançados nos três meses anteriores.
A carteira de crédito ampliada teve uma expansão de 2% no tri em relação ao trimestre anterior, e de 3,8% na comparação anual.
O destaque positivo foi a margem com clientes, que aumentou 2,7% frente ao segundo tri e 11% no ano.
Um analista do sellside destacou, porém, que boa parte da alta é explicada pelo spread na remuneração dos depósitos, e não pela rentabilidade das operações de crédito.
“Ok ganhar com a remuneração dos passivos, mas a dúvida é como o banco vai crescer e aumentar a rentabilidade num cenário desafiador para o crédito,” disse esse analista.
O CEO Mario Leão reafirmou o plano de elevar o ROE para cerca de 20% “no curto ou médio prazo” por meio de uma operação “diversificada e resiliente”.
“Vamos crescer onde fizer sentido, melhorar nossa receita de crédito e de passivos, além de cuidar das provisões para que elas cresçam menos que a carteira, e das despesas, como já vem ocorrendo,” disse o executivo.
Para ele, “ninguém é imune ao macro, mas uma gestão disciplinada ajuda”.
O BTG Pactual destacou o fato de uma alíquota “insustentavelmente baixa de imposto”, de 5%, ter ajudado no resultado do trimestre. Mas o analista Eduardo Rosman lembrou que a perda de R$ 1,3 bilhão na margem com o mercado também não deve ser recorrente – quando ambas foram normalizadas, o impacto nos números tende a ser neutro.
Ainda assim, o BTG acredita que “o tímido crescimento da carteira de crédito e a pressão de uma alíquota de imposto mais alta provavelmente resultarão num ROE mais estável nos próximos trimestres e ao longo de 2026”.
A inadimplência acima de 90 dias aumentou para 3,4% em setembro – ante 3,1% em junho e 3,2% e setembro de 2024 – assim como a chamada NPL formation (o surgimento de novos empréstimos com problemas). Apesar disso, as provisões caíram.
Segundo os analistas do Citi, o lucro antes de impostos superou o consenso principalmente em razão deste nível mais baixo de provisões.
O CFO Gustavo Alejo Viviani disse que o banco já havia elevado o total de provisões no segundo tri em antecipação para o ano, e que o patamar atual está adequado. “Não há nada que preocupe.”
Apesar da alta da ação hoje, o Citi vê um potencial limitado de valorização.
“Vemos o apetite de risco do Santander ainda como cauteloso, apesar da aceleração marginal no segmento de PMEs,” disse a equipe liderada por Gustavo Schroden. “As tendências razoáveis de receita e a ligeira alta na criação de NPLs podem limitar a reprecificação das ações no curto prazo.”
A ação do banco sobe 9,4% nos últimos 12 meses e 26% desde o início do ano.











