A Sabesp está pagando R$ 40 milhões por 20% de uma usina termelétrica de resíduos que pertence à Orizon – um cheque pequeno, mas que marca a entrada da companhia de saneamento no mercado de energia gerada por lixo. 

Com capacidade de processar 870 mil toneladas por dia, a URE-BA é a primeira usina a gerar energia a partir da incineração de resíduos sólidos no Brasil.

A usina – que deve ficar pronta em 2026 – é dona de um contrato de parceria público-privada com o município de Barueri para tratar resíduos sólidos até 2051 e contratos de venda de energia até 2046. 

Com um investimento previsto de R$ 480 milhões, a URE-BA terá três fontes de receita: geração de energia, taxas de destino de resíduos e créditos de carbono. 

A transação parece cara. A Sabesp está pagando R$ 40 milhões por 20% de um projeto que, nas contas do BTG, tem um valor patrimonial de R$ 104 milhões. 

Segundo o banco, a operação gera uma taxa interna de retorno real de 6% para a Sabesp e adiciona um valor presente líquido de R$ 19 milhões para a Orizon (R$ 0,30/ação), que agora fica responsável por apenas 80% do capex.  A chegada da Sabesp também aumenta o poder de negociação com fornecedores e melhora as condições de financiamento do projeto.

A aquisição é uma entrada ainda tímida da Sabesp no segmento de gestão de lixo, onde pode haver sinergias como o fornecimento de água desmineralizada e o uso do calor excedente da usina para tratamento do lodo de esgoto, um dos principais resíduos gerados nas estações da Sabesp e que pode ser transformado em adubo.

O BTG tem um preço-alvo de R$ 38 para a Orizon. O papel negocia ao redor de R$ 45, queda de 1% por volta do meio-dia.