A Rumo vai investir R$ 2,5 bilhões para construir um novo terminal de grãos no Porto de Santos – antecipando-se a um aumento dos volumes de produção do Centro-Oeste, que devem demandar uma maior capacidade de escoamento.

A Rumo fechou um acordo com a DPW para construir o terminal, que terá capacidade de 12,5 milhões de toneladas/ano – embarcando 9 milhões de toneladas de grãos para a exportação e recebendo 3,5 milhões de toneladas de fertilizantes importados. 

A DPW – a operadora logística de Dubai – fornecerá os serviços de operação portuária por 30 anos, além de ser remunerada pelo uso de parte de sua área autorizada no porto.

“Temos que garantir que o Porto de Santos tenha capacidade para sustentar os volumes de hoje, mas também os volumes de 5, 10 e 15 anos,” o CEO da Rumo, Pedro Palma, disse ao Brazil Journal.

Segundo ele, o investimento faz parte de uma série de projetos da Rumo para melhorar a infraestrutura de escoamento dos grãos que saem do Centro-Oeste, vão até Santos e de lá são exportados principalmente para a Ásia. Em 2020, por exemplo, a Rumo renovou a concessão da Malha Paulista. No ano passado, concluiu a construção da Ferrovia Norte-Sul, conectando Tocantins e Goiás à Malha Paulista. E, também no ano passado, começou a extensão da linha do Mato Grosso: mais 700 km de linhas ferroviárias conectando Rondonópolis até Lucas do Rio Verde. 

“Hoje ainda não existe um gargalo em Santos, mas os volumes estão crescendo muito e temos que nos antecipar,” disse o CEO.

No ano passado, a Rumo levou 32 milhões de toneladas de grãos e 3 milhões de toneladas de açúcar até o Porto de Santos. No outro sentido, levou 3 milhões de toneladas de fertilizantes importados do Porto até o Centro-Oeste. 

A expectativa é que a Rumo consiga as licenças com o Ibama até o final deste ano e comece a construção no início de 2025. As obras devem durar 30 meses, com o terminal começando a operar em 2027. 

O CEO disse que um dos diferenciais do projeto é que ele vai contar com uma ‘pera ferroviária’, um mecanismo que permite que os vagões façam a carga e descarga sem precisar manobrar, reduzindo custos e ganhando eficiência. “A alternativa seria ter várias linhas ferroviárias e ficar manobrando de um lado para o outro, e passando para outra linha para o produto ser descarregado, o que é muito mais complexo,” disse ele. 

Segundo Palma, o capex de R$ 2,5 bilhões será financiado com empréstimos; a Rumo tem espaço no balanço para fazer esse investimento dado que sua alavancagem está em cerca de 2x EBITDA.

“Temos como objetivo manter a alavancagem em torno de 2x-2,5x EBITDA. Esse projeto não vai fazer de forma alguma sairmos desse patamar.”

A Rumo também avalia trazer algum parceiro para o projeto, o que reduziria o capex. O mais provável é que esse parceiro seja algum cliente da Rumo no agronegócio – por exemplo, um produtor de grãos – como ela já fez em outros projetos de terminais.

Palma não abre o retorno do projeto, mas analistas de sellside trabalham com uma TIR real desalavancada só da operação portuária (on a standalone basis) de 10%. 

“Olhando a cadeia integrada, com a maior capacidade de avançar com os volumes ferroviários, o retorno é ainda maior,” disse o CEO.

A Rumo vale R$ 40 bilhões na B3. A ação sobe 19,5% nos últimos doze meses.