A Rumo e a Hidrovias do Brasil estão baratas na Bolsa, dados os (muitos) acontecimentos recentes no mundo da infraestrutura agrícola, diz o Itaú BBA num relatório intitulado “Don’t Get Distracted, They Are Cheap!” 

Os analistas enumeram quatro eventos com repercussões sobre o setor: a quebra da safra do milho, a alta na taxa de juros de longo prazo, a concessão da BR-163 e a extensão ferroviária no Mato Grosso. 

Para a Rumo, os dois primeiros eventos são negativos e os dois últimos, positivos, segundo o relatório. Para a Hidrovias, todos têm peso negativo.

No caso da quebra da safra de milho, os analistas reconhecem que o cenário no curto prazo é desafiador. Mas por se tratar de um evento não recorrente, ele não deve afetar o valor da Rumo; já os efeitos para a Hidrovias devem ser limitados devido aos contratos take-or-pay da operadora fluvial, disse o time liderado pelo analista André Hachem.

Quanto à alta dos juros, ambas as companhias são impactadas negativamente por terem um duration muito longo ( 21 anos para Rumo e 10 para Hidrovias).

Já o leilão da BR-163, vencido pelo consórcio Via Brasil no começo de julho, deve fazer o custo do frete rodoviário subir cerca de 10% ao fim de 2022.

A Rumo pode ganhar competitividade e absorver parte deste aumento de tarifa, segundo o relatório. A Hidrovias, por sua vez, deve ter que reduzir suas tarifas para manter-se competitiva e atingir o crescimento projetado.

Finalmente, a extensão da malha ferroviária anunciada pelo governo do Mato Grosso, ligando Rondonópolis a Cuiabá, bem como as cidades de Lucas do Rio Verde e Nova Mutum, deve jogar para baixo os custos do frete para o corredor sul e aumentar a competitividade da Rumo no estado. Essa expansão da Rumo pode atrapalhar o plano de expansão de volume da Hidrovias.

Mesmo considerando todos os eventos acima, as duas companhias têm espaço para subir, segundo o banco. “Nesse cenário de mudanças, tanto Rumo como Hidrovias parecem muito baratas,” diz o Itaú.

No pior cenário, o preço-alvo para Hidrovias é de R$ 5,60 — a ação hoje negocia a R$ 5,45. No melhor dos casos, o preço-alvo é de R$ 10,10. 

Para a Rumo, no pior cenário o preço-alvo é de R$ 17,90, e no melhor, R$ 30,80. O papel negocia a R$ 21.