Há vida para as marcas no pós-Twitter? O BBB sobrevive? O Rock in Rio sobrevive? O Xandão sobrevive? Ok, o Xandão foi só uma licença poética. E esse tal BlueSky? Para esta maravilhosa segunda edição da nova coluna do CMO Journal, e para responder estas perguntas, falei com a CMO do iFood, com a head do Johnny Walker e com a agência que faz as redes do Rock in Rio. Obviamente você vai ter que ler para saber tudo.
Mas como nem só de Rock in Rio e Twitter e Big Brother vive este País, eu também conto um dado surpreendente (pra mim, pelo menos) em como o brasileiro está usando a Alexa para fazer compras, segundo um estudo bacana da VML. Ainda tem as novelas do TikTok, ao melhor estilo Manoel Carlos, porque o melhor do Brasil segue sendo o brasileiro.
Melhor que o brasileiro, só os paraguaios…. Lá eles têm a manha de ter a Universidade de Harvard Paraguai e o Mickey. Eu diria que é uma história que vai trazer grandes aprendizados para os empreendedores que estão neste momento querendo internacionalizar suas marcas. Vamos?
Que saudades do Twitter!
O Rock in Rio é o primeiro grande evento desde que o ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, o Xandão, mandou tirar do ar o X-Twitter. Quando ele tomou essa decisão, faltavam menos de 15 dias para o início do festival, e as 85 marcas parceiras, acostumadas que estavam a medir sucesso pelo Twitter, tiveram que refazer suas estratégias. Não está sendo fácil mensurar as conversas e é preciso usar outras métricas que justifiquem o investimento milionário.
Sem tanta repercussão
A CMO do iFood, Ana Gabriela Lopes, diz que a marca está aproveitando ao máximo outros canais como Instagram e TikTok, mas responde com sinceridade: “em termos de engajamento, temos ainda que saber se o BlueSky vai decolar. A gente sente que não tem a mesma repercussão, das pessoas comentando e sua marca sendo falada. Até porque o BlueSky não está com esse tamanho todo.”
(Não está mesmo: estima-se que sejam 3 milhões de brasileiros contra os 20 milhões que o Twitter tinha).
Ana arremata: “E o Big Brother, como vai ser?”. A marca também é patrocinadora do reality.
Pois é, e o Big Brother, como vai ser?
No primeiro dia do Rock in Rio, outra crise de ansiedade para as marcas: além de não saberem se vai ou não ter Twitter, o Boninho anunciou que não estava mais no BBB. A fofoca correu solta nas redes dando conta de que Boninho ia para o X-Twitter. É que ele andou postando no perfil de Elon Musk que tinha uma solução para o X.
Vai ter que migrar
Ronaldo Martins, o CEO da A-Lab, a empresa que faz a gestão das redes sociais para o Rock in Rio e outras 10 marcas, tem um palpite para o caso de o Twitter não voltar até lá: “eles vão ter que fazer com que essa conversa migre para uma rede que tenha os dados abertos. A gente já está vendo no encerramento do Jornal Nacional o logo do BlueSky.”
O Johnny seguiu andando
A marca Johnny Walker até ficou chateada sem o Twitter para ver as conversas acontecendo – mas não se abalou, e resolveu apostar nas collabs com influenciadores e artistas que se apresentam no Rock in Rio. Em outras redes, claro. Andréa Rubim, head da marca, diz que assim conseguem medir melhor a qualidade das interações.
Alexa, compra pra mim?
A agência VML vai lançar a oitava edição de um estudo parrudo que faz em todo o mundo (Future Shopper) e com um dado de Brasil que, para mim, foi uma surpresa tremenda: 32% dos consumidores brasileiros usam regularmente os assistentes de voz ao fazer suas compras online. O Brasil só fica atrás da Índia (42%) e da China (34%). Foi a primeira vez que a agência colocou essa pergunta na pesquisa.
Novela do TikTok
Quem não frequenta o TikTok ou o Kwai certamente não deve estar sabendo que as novelas estão bombando nessas redes, com audiência de milhões. Novela, novela mesmo. Com capítulos, aberturas, atores, dramalhões, cenário e…. intervalo comercial.
Um dos primeiros a ter a ideia de fazer os reclames no intervalo foi o Reeh Augusto, que tem mais de 6 milhões de seguidores no TikTok e já criou e produziu umas cinco novelas para a rede. Seu primeiro patrocinador foi o KitKat Cereal. A marca patrocinou dois capítulos, que tiveram 1,2 milhão de visualizações.
Mickey paraguaio
O New York Times contou em detalhes esta semana uma história surreal. Em 1935, Pascual Blasco “criou” uma marca: Mickey. Não se sabe como ele teve a ideia (como será?). O fato é que ele abriu uma lojinha com esse nome, usava o desenho de um rato de orelhas grandes (sim, quase igual) e vendia frutas e sorvete.
Ao longo dos anos, a empresa foi crescendo e hoje vende molho picante, soja, granulados coloridos, panetones e sete tipos de temperos. Já está na família há três gerações. A melhor parte (ou a pior, depende do ponto de vista): o Mickey da Disney tentou, no fim da década de 90, derrubar o Mickey paraguaio. Não conseguiu.
O ensinamento
Se você quer ser global, corra para um advogado de propriedade intelectual.