A Rede D’Or São Luiz lançou agora à noite os termos e condições de um IPO que, no topo da faixa de preço, avalia a companhia de hospitais fundada pelo cardiologista Jorge Moll Filho em R$ 127 bilhões. 

10912 e7db07b2 7b37 a75e f567 46f0c42234e6A grande surpresa: a oferta secundária de R$ 5 bilhões que daria saída ao Carlyle foi cancelada, reduzindo o tamanho da oferta para R$ 8,2 bilhões no meio da faixa de preço. 

Fontes próximas à oferta disseram ao Brazil Journal que a companhia já atraiu interesse da Dynamo, Atmos, Constellation, LTS (o veículo de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira), e da Durable Capital Partners, a gestora de Nova York que ancorou o IPO da XP.

Dois pockets do Capital Group — uma das maiores gestoras do mundo — também demonstraram interesse na oferta, mas com alguma sensibilidade a preço.


A faixa vai de R$ 48,91 a R$ 64,35. A companhia está vendendo 145,67 milhões de ações na oferta base, que diluirá todos os acionistas em 7,4%. 

O Carlyle e o GIC poderão ter saída parcial pelo greenshoe e pelo hot issue, que serão totalmente secundários e podem chegar a 35% do tamanho da oferta base.

Se ambos forem integralmente colocados, a oferta movimentará de R$ 9,7 bilhões a R$ 12,6 bilhões, dependendo do preço final; Carlyle e GIC venderão 12,1% de suas respectivas participações, e a família, cerca de 8,7%.

O Carlyle que pagou R$ 1,5 bi por 8,3% da Rede D’Or em 2015 decidiu não ir adiante com a secundária por achar que o preço da oferta não estava suficientemente alto. “O Carlyle parece estar subestimando o risco macro e riscos específicos à indústria,” disse um investidor que está participando da oferta.

Depois da oferta, o GIC deve ficar com 22,8% da companhia, e a família Moll será diluída de 57% para 52,4%. (Os números consideram a colocação integral do greenshoe e do hot issue). 

A Rede D’Or é a maior companhia hospitalar da América Latina com 52 hospitais e 8 mil leitos. 

O IPO vem num momento em que companhias de saúde verticalizadas como Hapvida e Grupo Notredame Intermédica tem adquirido carteiras de saúde e hospitais, numa corrida de consolidação regional cada vez mais acirrada. As verticalizadas negociam hoje na Bolsa a 21-23x o EV/EBITDA estimado para 2021. Nas contas de um investidor, no meio da faixa a Rede D’Or está saindo em linha com esses múltiplos. (Empresas hospitalares de alto crescimento na Ásia e na Índia negociam entre 20-24x).

A Rede D’Or deve faturar este ano R$ 13,7 bilhões com um EBITDA de R$ 3 bi e um lucro líquido de R$ 492 milhões. A partir do ano que vem, alguns investidores modelam um crescimento de receita de cerca de 25% ao ano com base em aquisições e crescimento já contratado. Segundo o prospecto, a Rede D’Or deve ativar 5.200 leitos nos próximos cinco anos.  

Com o IPO colocando R$ 8 bi no caixa, a Rede D’Or poderia mirar uma série de aquisições estratégicas, como redes de hospital regionais, negócios complementares em medicina diagnóstica ou redes de clínicas de nicho.

Apesar de ser a maior rede de hospitais do Brasil, a Rede D’Or tem apenas 5,5% de todos os 133 mil leitos privados do País. Quando se consideram apenas os 10 maiores players, a companhia tem 32% de market share.

O pricing da oferta está marcado para 8 de dezembro, e o papel começa a negociar dia 10 de dezembro. 

Os coordenadores globais são Bank of America, BTG Pactual, JP Morgan, Bradesco BBI e XP.  Os joint bookrunners são Credit Suisse, Citi, Santander, Safra e Banco do Brasil.

O conjunto de bancos deve levar R$ 177 milhões em comissões.