The Fund, um livro que promete expor episódios não muito edificantes da trajetória da Bridgewater, a celebrada gestora de Ray Dalio, chega às livrarias dia 7 de novembro.
O subtítulo do livro é “Ray Dalio, Bridgewater Associates, and the Unravelling of a Wall Street Legend”, e a editora Macmillan define o trabalho como “page-turning, uma jornada mais estranha que a ficção no interior do mundo rarefeito da riqueza e do poder.”
O autor do míssil é o jornalista de finanças Rob Copeland, hoje no New York Times, mas com passagem pelo The Wall Street Journal e anos de experiência cobrindo hedge funds.
“Ray Dalio não quer que você leia este livro,” diz o texto de apresentação na Amazon.
Não quer mesmo.
De acordo com o New York Post, a Bridgewater contratou um time de advogados especializados em disputas do tipo, que foi para cima da editora com a ameaça de um “processo multimilionário” caso o livro seja publicado.
A gestora decidiu não responder às questões enviadas pelo checador de informações contratado pelo jornalista e, em vez disso, encaminhou cartas diretamente para a direção da editora, dizendo, entre outras coisas, que o livro é “repleto de meias-verdades, distorções e mentiras.”
Segundo uma das cartas, o livro teria o “potencial de destruir o negócio” da Bridgewater, o maior hedge fund do mundo e um dos mais bem-sucedidos da história.
“Copeland falsamente retrata a Bridgewater e Dalio como fraudulentos,” diz uma das cartas assinadas pelo advogado Tom Clare, de acordo com o Axios. “O material da checagem continua a insinuar que a Bridgewater é um esquema Ponzi,” afirma.
Segundo fontes ouvidas pelo Axios, não seria verdade que o livro insinua que a Bridgewater é um esquema Ponzi.
O livro, contudo, procura desmistificar a “narrativa cuidadosamente construída” de Dalio como um “titã benevolente” das finanças.
Dalio promove uma cultura de gestão de “transparência radical” tendo como base os seus “princípios” formulados ao longo dos anos.
Mas, segundo o texto de promoção do livro, esses “princípios” têm sido usados como “arma” por Dalio e outros membros da liderança da gestora – “na prática, eles incentivaram uma cultura tóxica de paranoia e facadas nas costas.”
Dalio fundou a Bridgewater em 1975. A empresa administra US$ 125 bilhões.
Atualmente com 74 anos, ele se afastou do dia a dia da empresa no ano passado. Sua fortuna pessoal soma US$ 19 bilhões.
Tom Clare, o advogado da Bridgewater, é o mesmo que representa Ken Griffin, do Citadel, diante de alegados danos financeiros e de imagem causados pelo filme Dumb Money, sobre a febre das “meme stocks”.
Segundo o advogado, o script original de Dumb Money continha “diversas invenções”, e a Sony Pictures aceitou revisar o texto. O filme estreou esta semana nos EUA.
Griffin e sua gestora faturaram um bocado com as ordens de compra de ações feitas pelos pequenos investidores.
“Estamos contentes que nossa carta deu à Sony a oportunidade de corrigir alguns dos erros antes de o filme ser distribuído,” Clare disse ao Axios.