Com a perspectiva de um cenário competitivo mais fraco no setor de farmácias — e uma sólida expansão da Raia Drogasil — o BTG Pactual elevou o preço-alvo da empresa e cravou: “o pior já ficou para trás”.

Num relatório divulgado hoje, o banco disse que a competição no varejo farmacêutico deve perder força em duas frentes.

Ao mesmo tempo em que as redes pequenas e associativistas já chegaram num limite em termos de descontos nos medicamentos, as grandes, como Pague Menos e Extrafarma, começaram a perder fôlego na expansão.

Neste cenário, o banco diz que a RD tem um espaço grande para ganhar share em regiões dominadas pelas pequenas farmácias regionais e onde a fragmentação do setor ainda é muito alta.

Nos últimos anos, o poder de barganha das farmácias pequenas (reunidas em redes associativistas) aumentou, mudando drasticamente a dinâmica do setor. Com a melhor execução e termos comerciais mais favoráveis, elas aumentaram os descontos nos medicamentos, principalmente nos genéricos.

O resultado: gigantes como a RD tiveram que investir mais em preço para manter seu market share, abrindo mão de margens.

“Olhando para frente, não vemos o poder das pequenas lojas diminuindo no curto prazo. O associativismo ainda tem muito espaço para crescer nos próximos anos num setor extremamente fragmentado,” dizem os analistas Luiz Guanais e Gabriel Savi.

“Contudo, os descontos podem ter chegado num limite e algumas farmacêuticos internacionais, como Eli Lilly e Roche, pararam a produção de genéricos no Brasil, o que pode significar que não haverá uma deterioração adicional no cenário competitivo.”

Na outra frente, os sinais são ainda melhores: Pague Menos e Extrafarma — que vinham abrindo uma loja atrás da outra — reduziram seus planos de expansão depois de resultados decepcionantes nas novas farmácias.

O banco diz que essas lojas tiveram queda na lucratividade e resultados bem abaixo dos da Raia Drogasil, principalmente nos novos mercados que entraram.

A Pague Menos começou 2018 com planos de abrir 200 lojas, reduziu para 180 depois do primeiro semestre e acabou fechando o ano com um saldo de 141 novas farmácias.  

“A Raia Drogasil definitivamente não é uma barganha, negociando num múltiplo preço/lucro de 34 vezes (o que deixa pouco espaço para surpresas negativas),” diz o relatório. “Mas a empresa tem um track record consistente de aberturas de lojas e expansão do top line.”

Para os analistas do BTG, o sólido balanço da empresa e sua comprovada capacidade de execução devem garantir que as margens voltem a crescer nos próximos anos conforme a Raia Drogasil ganhe ainda mais escala.

No novo cenário, o banco elevou o preço-alvo da ação de R$ 80 para R$ 90, um upside de 22% em relação ao fechamento de ontem.


Nos últimos doze meses, os papéis da Raia Drogasil sobem perto de 10%, frente uma alta de 37% do Ibovespa.