A Raia Drogasil acaba de investir em três startups, fortalecendo seu ecossistema de saúde num momento em que a rede de drogarias aumenta sua aposta no digital.
A RD comprou 100% da Amplimed, 6% da Labi Exames e 12,5% da Conecta Lá. Nas duas últimas, ela tem um direito de preferência que pode aumentar sua participação.
O investimento foi feito pela RD Ventures, o corporate venture capital da RD que tem R$ 200 milhões em capital.
Todos os investimentos fortalecem “os nossos três pilares estratégicos: a ‘nova farmácia’, com a reinvenção do varejo farma e a criação de hubs de saúde; o marketplace de produtos; e a nossa plataforma de saúde, a Vitat,” o vp de RI Eugênio de Zagottis disse ao Brazil Journal.
A compra da Amplimed — um ERP para médicos que atende mais de 20 mil profissionais de saúde e 3 mil clínicas espalhados pelo Brasil — vai robustecer a Vitat.
A Amplimed permite que os médicos façam o agendamento de consultas, o cadastro de clientes, a cobrança dos planos de saúde, além do armazenamento de todos os dados dos pacientes (como num prontuário digital). O software também tem uma funcionalidade de prescrição eletrônica de medicamentos e exames.
A compra é estratégica para a RD por dois motivos: a Amplimed vai funcionar como repositório de dados da plataforma de saúde da RD, e vai permitir que a Vitat crie um marketplace de serviços médicos.
“Queremos que os pacientes da nossa plataforma possam agendar uma consulta presencial ou uma telemedicina por lá sempre que quiserem, e a Amplimed vai permitir isso,” disse Eugenio. “Vamos conseguir listar esses médicos e criar uma espécie de marketplace de serviços que vai começar com os médicos, mas depois vai ter psicólogos, nutricionistas…”
A Vitat foi lançada há apenas seis meses a partir de outra aquisição da RD Ventures: a tech.fit, uma empresa que era dona de vários apps de saúde como o Tecnonutri e o Workout.
Já o investimento na Labi Exames — parte de uma rodada da startup que teve a participação de fundos como Igah Ventures e Positive Ventures — também deve fortalecer a Vitat, que poderá vender os exames da Labi a seus usuários.
Mas o aporte traz também outro componente: a RD tem adotado uma estratégia de construir hubs de saúde dentro de suas farmácias, onde os clientes podem se vacinar e fazer exames básicos.
Por regulação, no entanto, as farmácias ainda não podem fazer exames de sangue nesses hubs. “Mas com a parceria com a Labi, vamos poder vender esses exames de sangue nos nossos hubs, e a Labi irá colher a amostra na casa desse cliente depois,” disse o executivo. A Labi tem 24 laboratórios em 10 cidades.
Apesar do investimento na Labi ser relativamente pequeno (6% do capital), a RD tem “opções que permitem ampliar esse investimento” de forma a ter “uma participação relevante,” disse Eugenio.
Por fim, o investimento da RD na Conecta Lá é uma forma de melhorar a experiência de seu marketplace de produtos, que foi lançado também este ano.
A Conecta Lá desenvolveu uma solução de ‘seller center’, que permite que os vendedores de marketplace consigam ter uma gestão melhor de sua operação, com soluções de cadastro e gestão do inventário, logística e pagamentos.
A Conecta já presta serviços para os marketplaces de empresas como Decathlon e Grupo Soma. Até agora, a RD usava uma solução de um terceiro mesclada com uma solução interna.
“Entendemos que precisávamos melhorar esse seller center e com a Conecta vamos fazer esse upgrade,” disse Eugenio.
Além do investimento — que pode subir para 20% — a RD está comprando os direitos dos códigos de programação do seller center da Conecta, o que vai permitir que ela possa internalizar essa solução em algum momento, tendo mais flexibilidade para customizar a solução para as demandas de seus vendedores.