Com as canetas emagrecedoras, perder os quilinhos a mais ficou fácil – o duro, para muitas pessoas, é o medo de voltar ao peso original.

Agora, uma nova geração de pílulas poderá resolver essa questão, como indicam os testes clínicos de uma droga por administração oral em desenvolvimento pela Eli Lilly.

Em uma avaliação fase 3 que acaba de ser concluída, um grupo de pessoas usou o Wegovy, da dinamarquesa Novo Nordisk, ao longo de um ano. O peso médio caiu de 113,5 kg para 95 kg.

Esses pacientes fizeram na sequência a transição para a pílula do medicamento chamado orforglipron, da Eli Lilly. Após um ano, ganharam em média apenas 0,9 kg.

Um outro grupo usou o Zepbound, da Lilly, também por um ano. O peso médio foi reduzido de 115,8 kg para 90,9 kg. Na sequência, as pessoas migraram para a pílula emagrecedora. Após um ano, ganharam 5 kg.

O orforglipron é um remédio oral experimental, de administração única diária, que está sendo estudado para o tratamento do diabetes tipo 2 e da obesidade.

Assim como as canetas emagrecedoras, ele faz parte da classe de medicamentos chamados agonistas do receptor de GLP-1, e foi desenvolvido para ajudar a reduzir o açúcar no sangue e auxiliar na perda de peso.

Nos ensaios clínicos, foi administrado uma vez ao dia, a qualquer hora, e sem restrições de alimentos ou água. Os efeitos colaterais mais comuns foram indisposições gastrointestinais moderadas.

Novos resultados, inclusive sobre a sua segurança e efeitos colaterais, serão apresentados nos próximos meses. Em novembro, a Food and Drug Administration (FDA) concedeu um voucher de revisão prioritária, o que deverá acelerar a aprovação. O sinal verde poderá sair no próximo ano.

O orforglipron foi descoberto pela japonesa Chugai Pharmaceutical e licenciado pela Eli Lilly em 2018. A americana detém os direitos mundiais de desenvolvimento e comercialização.

Apesar de resultados para perda de peso terem sido considerados frustrantes na comparação com os injetáveis, a droga demonstrou uma aplicação promissora na manutenção do peso.

Os resultados deram um novo impulso na ação da Lilly, que subiu quase 4% na semana passada e acumula valorização de 39% no ano. O market cap da companhia está em US$ 960 bilhões.

A Novo também está desenvolvendo uma pílula emagrecedora, uma versão oral do Wegovy. O processo de aprovação está mais adiantado que o da Lilly – mas, ao contrário do orforglipron, o medicamento precisa ser ingerido em jejum. 

De acordo com a CNBC, a Goldman Sachs estima que, até 2030, as pílulas deverão ficar com 24% do mercado de medicamentos contra a obesidade.