Há situações críticas que os tutores de pets já sabem que terão de encarar.

As grandes datas nacionais – e festas como a virada do ano – são sempre celebradas com explosões de fogos. No entanto, ao longo do tempo a sociedade tomou consciência dos malefícios e dos danos que isto traz para a saúde dos pets.

Por trás da pirotecnia barulhenta, existe uma poluição sonora capaz de estressar cães e gatos, que têm mais sensibilidade auditiva do que os humanos. Se esse distúrbio sonoro já afeta de forma importante crianças, idosos e pessoas com Transtorno de Espectro Autista (TEA), imagine como gera desconforto nos animais.

Diante disso, alguns municípios e estados brasileiros determinaram a proibição dos artefatos com estampidos.

Em São Paulo, uma lei de 2021 proíbe a soltura, comercialização, armazenamento e transporte de artefatos com estampido. A multa pode chegar a R$ 5 mil. A capital paulista já havia sancionado uma lei proibindo esses fogos em 2018.

Na cidade do Rio de Janeiro, a Câmara aprovou, em outubro, um projeto de lei que prevê multas entre R$ 200 e R$ 1.250 para quem desrespeitar a norma criada em 2022, que proíbe a fabricação, a venda e o uso desses artefatos.

Em shows pirotécnicos, como os fogos no Réveillon de Copacabana, os fogos de artifício estão liberados, desde que limitados a 120 decibéis, uma faixa considerada de ruído baixo. Antes, a queima emitia 240 decibéis em média.

Proteção para os bichos e dicas para tutores

As explosões podem provocar diversas reações, culminando muitas vezes em fugas e acidentes, como aponta uma pesquisa realizada pela Petlove, em parceria com o Instituto Caramelo. O estudo revelou que 39% dos tutores já perderam ou conhecem alguém que perdeu um bicho de estimação devido ao pânico causado pelos estampidos.

As principais reações nessas horas são o bicho se esconder (71%) e ficar desorientado (60%). Buscar o colo do tutor (43%) é mais uma atitude imediata do animal. A pesquisa apontou ainda a ocorrência de choro (41%), pedidos insistentes de carinho (38%) e lambeduras compulsivas (27%).

O médico-veterinário da Petlove, Pedro Risolia, disse que é muito comum os animais tremerem de medo, se esconderem embaixo de móveis ou latirem sem parar. “Alguns podem tentar fugir, colocando-se em situações perigosas, como pular janelas ou correr para a rua, o que pode ocasionar acidentes fatais,” disse.

O estresse também pode desencadear reações físicas como taquicardia, respiração ofegante, vômitos ou diarreia.

Risolia reforçou que os animais podem apresentar esses sinais pela sensibilidade auditiva, já que são capazes de captar sons inaudíveis para os humanos. “Devido ao som alto e inesperado, os pets podem perceber os fogos de artifício como uma ameaça, principalmente os gatos, que possuem um instinto de proteção muito aguçado.”

Para 60% dos tutores, os fogos deveriam ser permitidos apenas na modalidade silenciosa ou deveriam ser totalmente proibidos. O índice é sinal de uma mudança de percepção da população.

Esse estudo da Petlove faz parte da campanha Chega de Fogos, que reforça a necessidade de conscientização sobre o tema. Neste ano, ela conta com a parceira do instituto Ampara Animal na divulgação da mensagem pela proteção dos bichos de estimação.

A campanha nas redes sociais chama atenção para os impactos imediatos do barulho e para o potencial de causar traumas duradouros nos pets, afetando a saúde física e a emocional.

Para evitar os efeitos negativos dos fogos sobre os bichos de estimação, é possível treinar os pets para ajudá-los a ficar mais calmos durante os estampidos. Tutores devem buscar orientação de adestradores de confiança.

Se o pet tiver muito medo, uma solução é acionar o veterinário que cuida dele, para que avalie a necessidade de calmantes ou outras intervenções, disse o veterinário Pedro Risolia.

O especialista recomendou alguns cuidados a serem adotados antes das comemorações. “É essencial criar um ambiente seguro e acolhedor para o pet. Prepare um cantinho da casa onde ele possa se sentir protegido, como um quarto mais isolado. Além disso, fechar as janelas e portas ajuda a abafar o som e reduzir fugas.”

Outras dicas: colocar uma música relaxante para mascarar os ruídos externos e oferecer distrações, brinquedos e petiscos na hora.

O Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo orienta ainda a utilização de coleira com identificação e número de contato, que pode auxiliar o tutor a encontrar seu pet caso ele fuja.

Luis Estrelas é uma referência no treinamento de pets e fundador da Estrelas Animais.