O Credit Suisse Hedging-Griffo — a plataforma de private banking do Credit Suisse — está recomendando aos clientes que aumentem sua alocação na Bolsa.
Numa teleconferência com clientes hoje de manhã, a equipe do banco listou seus motivos para estar confiante: a trajetória do juro no Brasil é descendente, as reformas fiscal e previdenciária têm amparo político, e a liquidez internacional vai continuar, mesmo com o início do aperto monetário pelo Fed.
O CSHG administra e aconselha clientes de altíssima renda na gestão de cerca de R$ 90 bilhões.
A recomendação vem num momento em que os investidores brasileiros (as pessoas físicas e os institucionais) estão com a menor exposição à Bolsa do pós-Real — e marca uma mudança de postura do segundo maior private banking do Brasil, com impacto em um número grande de clientes.
A Valia, que tinha 24% de seu patrimônio em Bolsa em 2011, no final do ano passado tinha menos de 4%.
A Funcesp hoje tem 10% de seu patrimônio em ações; há quatro anos, tinha 20%.
Dados da Bovespa mostram que, até 29 de agosto, o fluxo de investidores locais para a Bovespa ainda era negativo no ano. Coletivamente, pessoas físicas e investidores institucionais locais sacaram, em termos líquidos, R$ 18 bilhões da Bolsa este ano. No acumulado desde 2011, o número chega a quase R$ 100 bilhões.
De acordo com dados da Anbima, o patrimônio líquido dos fundos de ações também está no menor nível dos últimos 10 anos: apenas 9% de todo o dinheiro investido no Brasil está nos FIAs, contra 22% em 2007 e 15% em 2010.
No conjunto, os dados mostram que o rali da Bovespa pós-impeachment foi em sua maior parte ‘powered by gringos’, enquanto os locais (que viveram a crise de perto) continuam pagando pra ver, investidos no conforto da renda fixa.
Até o fechamento desta quarta, a Bovespa está em alta de 46,5% este ano.
Esta baixa alocação a ações — aliada ao rali que já aconteceu — é uma boa notícia para o mercado de IPOs. Se as coisas derem certo como o CSHG prevê e os locais se convencerem, vai faltar papel…