O Walmart está pagando US$ 2,3 bilhões pela Vizio, uma fabricante americana de televisores. Por trás do movimento: ganhar dinheiro com publicidade.

A Vizio possui uma base de 18 milhões de clientes ativos e tem informações precisas sobre como esses telespectadores consomem a publicidade por meio das suas smart TVs.

A smart TV conectada pelo wifi virou um poderoso centro de dados, capaz de informar se uma televisão estava ou não ligada quando determinado comercial foi veiculado. Ou se o telespectador mudou de canal. Não importa se ele esteja assistindo TV aberta, fechada ou streaming. Mais: smart TV permite que o telespectador interaja com o comercial e que as marcas consigam auferir quanto determinado comercial impulsiona ou não as vendas.

As fabricantes de televisores também já embutem no aparelho um dispositivo – uma espécie de app – com acesso a seu próprio streaming com programação gratuita e que veicula publicidade. A Vizio, por exemplo, já veicula em sua Platform+ comerciais de mais de 500 anunciantes. Além disso, os serviços de streaming disponíveis nos televisores também compartilham receita com a fabricante.

Essas novas ferramentas de publicidade digital para os fabricantes de televisores funcionam com uma lógica muito semelhante ao Facebook Ads ou Google Ads.

A Samsung hoje lidera este segmento tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. Por aqui, a Samsung tem uma base de 15 milhões de televisores conectados e vende espaço publicitários há dois anos.

A consultoria americana TrendForce diz que o movimento do Walmart pode fazer com que a Samsung perca o topo da liderança do mercado de smart TV.

Mas os analistas que cobrem o papel da varejista lembram que o outro motivo para essa guinada do Walmart rumo à publicidade tem nome: Amazon.

Sem alarde, a companhia de Jeff Bezos virou uma das mais poderosas empresas de publicidade digital do mundo, faturando US$ 47 bilhões neste segmento no ano passado.

Mas não é de hoje que o Walmart vem trilhando o caminho da publicidade, buscando conhecer o consumidor e oferecendo alternativas aos anunciantes.

Em 2021, a empresa fez uma parceria com a plataforma de publicidade The Trade Desk e, no ano seguinte, fechou uma parceria com a Roku (uma competidora da Vizio) para tornar os anúncios de TV em streaming interativos, de forma que o usuário pode clicar e comprar na hora.

Nos Estados Unidos, o Walmart já tinha sua própria marca de TV, a ONN, conectada justamente com a Roku.

Depois que a transação for aprovada pelas autoridades, a Vizio vai fazer parte do Walmart Connect, a vertical de mídia de circuito fechado da varejista. Segundo o Walmart, o faturamento desta vertical cresceu 30% no último ano.

“Acreditamos que o sistema operacional centrado no cliente da Vizio oferece ótimas experiências de visualização a preços atraentes. Acreditamos também que isso possibilita um negócio de publicidade lucrativo e em rápida expansão,” disse Seth Dallaire, o vice-presidente executivo e diretor de receita do Walmart.

“Acreditamos que a combinação desses dois negócios terá impacto à medida que redefinimos a intersecção entre varejo e entretenimento”.

Mas a aquisição sempre corre o risco de não ser concretizada. Não só porque as autoridades podem eventualmente barrar o negócio, mas porque, no pé do comunicado, a Vizio informa que tem o direito de rescindir a transação em até 45 dias caso receba uma “oferta superior” pelo seu negócio.

Fica a pergunta: alguém dá mais?