A falta de grandes novidades na apresentação do novo iPhone levou o Itaú BBA a reiterar a sua recomendação de venda para as ações da Apple. 

“Saímos do evento vendo riscos tanto para as vendas da Apple como para a suas margens,” escreveu Thiago Kapulskis, o analista de tech do Itaú. 

No relatório “Does ‘Wonderlust’ Mean Lacklust(er)? We Are More Bearish Than Ever,” Kapulskis diz que houve uma sensação de déjà vu durante o evento. As mudanças nos novos iPhones são “apenas incrementais” e frustrantes, levando em consideração os US$ 30 bilhões investidos anualmente em pesquisa e inovação. 

Logo depois do evento de ontem, as ações caíram 2%.

A Apple manteve os preços da maioria dos modelos de iPhone, os mais vendidos, o que indica que ela não conseguirá compensar com valores mais elevados a queda na demanda pelos aparelhos. Ao mesmo tempo, o aumento no custo dos componentes dos iPhones deverá espremer as margens.

Segundo Kapulskis, a decisão da China de proibir que funcionários do governo usem iPhones, anunciada na semana passada, poderá impactar as vendas e deverá ser o principal fator influenciando o preço das ações até a próxima divulgação de resultados trimestrais. A China responde por 20% do faturamento da Apple. 

Além disso, há outro risco iminente: a Apple poderá ser afetada por eventuais medidas impostas pelo governo americano em seu processo antitruste contra o Google – “por exemplo, restrições no pagamento do Google para a Apple para que ele seja o mecanismo de busca padrão nos aparelhos com o iOS.” 

“Diante desse cenário e de um valuation muito difícil de ser justificado em 27x o lucro do ano que vem, estamos mais bearish do que nunca na Apple,” escreve o analista. “Reiteramos nosso rating de underperform.” 

Historicamente, a Apple negocia com um preço/lucro ao redor de 19x. Mas o aumento das vendas durante a pandemia puxou o múltiplo para cima. 

Nos últimos dois trimestres, no entanto, a Apple reportou queda nas vendas e nos lucros – o que, para Kapulskis, reforça a recomendação de venda. 

O Itaú tem um preço-alvo de US$ 162 para a ação – 8% abaixo do fechamento de ontem, a US$ 176,30. 

Segundo o levantamento do MarketWatch com 44 analistas, a maioria dos ratings é overweight, com média do preço-alvo em US$ 202,66.   

O Bank of America, que tinha um preço-alvo de US$ 210, cortou para US$ 208 após o evento de ontem.