A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) — controlada pelo Grupo Votorantim — está em conversas com a Emirates Global Aluminum para uma venda de 100% da companhia.
A notícia foi dada em primeira mão pela Reuters, citando fontes a par do assunto.
A EGA é controlada pelo Mubadala, o fundo soberano de Abu Dhabi, e pelo fundo soberano de Dubai. A empresa árabe está trabalhando com o Morgan Stanley na operação.
A potencial transação vem num momento em que a ação da CBA negocia perto de seu low histórico, transformando-se numa dor de cabeça para a Votorantim. O papel cai 12% desde o início do ano e 35% nos últimos doze meses.
Na divulgação do resultado do segundo trimestre, em agosto, o papel chegou a cair 18% no dia depois da companhia ter entregado números 30% abaixo das expectativas do mercado.
Ontem a ação subiu quase 10%, provavelmente com o mercado antecipando a notícia da operação. Hoje abriu em alta de mais 5%, com a companhia valendo R$ 2,58 bilhões.
“Operacionalmente, a CBA virou quase uma special sit,” disse um analista que cobre o papel. “Eles geraram uma crise de confiança enorme no último tri. Tiveram problemas operacionais em uma de suas plantas e entregaram resultados muito abaixo.”
Para o Votorantim, que tem 69% do capital da CBA, a venda parece fazer sentido. O grupo vem desinvestindo de commodities nos últimos anos e direcionando seus recursos para setores como o de energia.
Recentemente, por exemplo, o grupo vendeu seus ativos de cimento no Marrocos e na Tunísia.
A CBA opera no mercado de alumínio de forma verticalizada, atuando em toda a cadeia de produção — desde a mineração até o refino de bauxita, passando pela fundição e fabricação de diversos produtos de alumínio primário.
Mas a empresa vem enfrentando um momento desafiador, com uma alavancagem próxima de 3x EBITDA e sem capacidade para investir em projetos estratégicos de crescimento.
Em agosto, por exemplo, a CBA havia contratado a Moelis para encontrar um investidor para o projeto Rondon, que deve demandar R$ 2,5 bi em investimentos e que a companhia não tem capacidade de colocar de pé sozinha.
O projeto Rondon é um direito adquirido pela CBA para desenvolver uma mina de bauxita nos estados do Maranhão e Pará. A viabilidade inicial do projeto prevê uma produção de 4,5 milhões de toneladas de bauxita por ano, mas o tamanho total do projeto pode chegar a 18 milhões de toneladas no longo prazo.