A Shell anunciou que tomou a decisão final de investimento para o campo Gato do Mato, um projeto em águas profundas na área do pré-sal da Bacia de Santos, encerrando uma novela iniciada há quase duas décadas.  

O consórcio, formado pela Shell (a operadora com 50% de participação), Ecopetrol (30%), TotalEnergies e a estatal PPSA, que atua como gestora do contrato de partilha, prevê a instalação de uma Unidade Flutuante de Produção, Armazenamento e Transferência (FPSO, na sigla em inglês) e a projeção de produzir até 120 mil barris de petróleo por dia. 

O volume estimado para o projeto é de aproximadamente 370 milhões de barris. O bloco está localizado na costa do Rio de Janeiro em lâminas d’água que variam entre 1.750 e 2.050 metros de profundidade. 

Trata-se de um salto de produção em relação às projeções iniciais. Anteriormente, a Shell previa 90 mil barris de petróleo por dia.

Uma fonte com conhecimento da operação disse ao Brazil Journal que esse aumento aconteceu devido à atualização da capacidade de extração a partir da FPSO.

Segundo essa fonte, houve uma maior eficiência da parte industrial que fica dentro da plataforma, utilizando menos aço no desenvolvimento, o que reduziu o peso da embarcação e aumentou a capacidade.

“O projeto ficou mais barato e ambientalmente eficiente, o que viabilizou sua retomada,” disse a fonte.

O investimento no Gato do Mato é visto como uma espécie de “fênix” por executivos da Shell. 

O campo foi adquirido em 2005 sob o modelo de concessão, o regime adotado antes da descoberta do pré-sal. 

Cinco anos depois, a Shell identificou a presença de óleo e gás, mas ainda sem viabilidade comercial. 

Em 2017, a Shell venceu o leilão do Sul do Gato do Mato, um bloco contíguo ao primeiro, e integrou os dois blocos num único projeto de desenvolvimento, o que viabilizou a exploração.

Porém, veio a pandemia e uma série de desequilíbrios nos preços do petróleo e da exploração – primeiramente uma derrubada no valor do barril e, depois, um aumento do custo de produção com a retomada da commodity.

“Em 2022, quando tomaria a decisão final de investimento, a Shell percebeu que as condições de mercado tinham deixado o projeto muito caro,” disse a fonte. “Com as mudanças na FPSO, o Gato do Mato vai ter uma produção mais acelerada e com custos menores.”

A retomada do Gato do Mato será o maior projeto operado pela Shell no Brasil. Atualmente, a empresa é a operadora do Parque das Conchas, no Espírito Santo, onde está produzindo 25 a 30 mil barris por dia. 

Além disso, a Shell tem participação em consórcios operados pela Petrobras. 

O CEO da Shell, Cristiano Pinto da Costa, vem defendendo o aumento da exploração de campos offshore no Brasil, e além do pré-sal. 

Em um evento no fim do ano passado, Cristiano disse que se o Brasil não descobrir mais reservas e abrir novas fronteiras, a produção do do País vai entrar em um declínio.