A prata está tendo um ano de ouro.
O metal sobe quase 100% no ano em Nova York, negocia no patamar nominal mais alto da história, a US$ 62 a onça troy — e não deve recuar tão cedo.
“A combinação entre uma demanda industrial resiliente, um crescimento de oferta controlado e um ambiente macroeconômico mais favorável deve sustentar a commodity,” escreveu a estrategista de commodities do ING Ewa Manthey, que projeta um preço médio de US$ 55 para o metal no ano que vem.
A máxima histórica registrada pela prata é explicada, pelo menos em parte, pela expectativa criada pelo mercado em torno da decisão de juros do Fed de ontem.
O metal fez topo juntamente com as apostas de um novo corte dos Fed Funds, porque tem forte demanda industrial — é utilizado na fabricação de painéis solares, carros elétricos e eletrônicos — e tende a ser mais demandado em momentos de atividade econômica fortalecida.
Se em termos de reserva de valor a prata é a versão mais volátil, mais barata e menos líquida do ouro, em ciclos de afrouxamento monetário (e de crescimento econômico) a sua performance costuma superar a do par, disse o ING.
Mas não foi só a dupla demanda do metal — industrial e de investimento — que impulsionou os preços este ano: as tarifas do Governo Trump também provocaram uma “corrida da prata” no mercado.
Temendo taxas de importação, investidores realocaram os estoques do metal de Londres (seu principal centro de negociação) para os EUA, o que provocou um movimento de short squeeze e uma queda acentuada nos estoques da commodity ao redor do globo.
Esse risco permanece no preço, principalmente após a inclusão do metal na lista de minerais críticos do Serviço Geológico dos EUA no mês passado; e o alívio também não virá do lado da oferta, que é estruturalmente inelástica.
“Cerca de 70% a 80% da produção é proveniente de minas que produzem chumbo, zinco, cobre ou ouro. Isso significa que a oferta de prata não pode ser ampliada mesmo com a alta dos preços, a menos que os metais com os quais a prata é extraída justifiquem também uma produção maior,” disse Ewa.
A produção de prata extraída caiu cerca de 3% este ano, disse o ING, o que ajudou a commodity a completar cinco anos seguidos em déficit de produção.
“Com tudo isso, embora não acreditemos que o ritmo de valorização observado este ano seja sustentável, esperamos que os preços da prata permaneçam bem sustentados,” afirma o banco.






