A Blackstone — uma das maiores gestoras de private equity do mundo —  está abrindo mão de uma tributação mais reduzida em troca de atrair mais investidores para sua base acionária.

A companhia anunciou hoje que vai deixar de ser uma partnership para se tornar uma ‘C-corporation’, seguindo o caminho já trilhado por outras firmas de private equity listadas, como a KKR e a Ares. A mudança entra em vigor em 1 de julho.

A estrutura de partnership permite que as empresas de private equity paguem impostos sobre as receitas geradas por taxas de administração e alivia a tributação sobre o que elas ganham com taxas de performance, o chamado ‘carried interest’.

O problema é que muitos fundos — especialmente os long-only e fundos passivos, que vem ganhando participação no mercado — são impedidos por estatuto de investir em partnerships listadas. 

Essa limitação faz com que a Blackstone negocie hoje com um desconto relevante em relação a outros gestores como a BlackRock. 

Sob a estrutura de uma C-Corp, a Blackstone vai pagar imposto sobre todas as suas receitas — mas a atração de novos investidores deve compensar a tributação maior. O anúncio fez as ações subirem quase 8% no pregão de hoje em Nova York, onde a Blackstone agora vale US$ 46 bilhões.

A metamorfose da personalidade jurídica da Blackstone se tornou atraente há pouco mais de um ano, depois que o Governo Trump cortou a alíquota de imposto das empresas de 35% para 21%.

“Vai ser imensamente mais fácil comprar e segurar nossos papéis”, o CEO Stephen Schwarzman disse num vídeo divulgado hoje, juntamente com os resultados do primeiro trimestre. 

Maior acionista da companhia, Schwarzman não vendeu uma ação sequer desde o IPO em 2007 — e com frequência se queixa do valuation da Blackstone na Bolsa, que na sua visão não reflete o valor da companhia.