Desde que Warren Buffett anunciou que se aposentará no fim do ano, investidores buscam alternativas à Berkshire Hathaway na Bolsa.
A ação já recuou 9% desde o anúncio, em meio a dúvidas sobre a capacidade da companhia de manter os ganhos acima do mercado sem o “toque de Midas” do Oráculo de Omaha e diante do valor de mercado trilionário que alcançou recentemente.
Ao mesmo tempo, várias companhias listadas buscam há tempos se aproximar do modelo de negócio vencedor da Berkshire, e agora lutam para se legitimar como possíveis herdeiras junto aos órfãos do culto a Buffett.
A Barron’s listou as companhias mais bem posicionadas numa reportagem de capa desta semana.
Abaixo, as wannabe Berkshires:
Fairfax Financial Holdings
A Fairfax é uma das empresas mais próximas à Berkshire em termos de estrutura. Possui um negócio de seguros que gera mais de US$ 30 bilhões em prêmios anualmente e investimentos diversificados em segmentos como navios porta-contêineres e bancos europeus.
O objetivo da empresa é crescer seu book value em 15% ao ano, uma meta que alcançou nos últimos seis anos. Além disso, desde que abriu capital em 1985, a Fairfax teve uma valorização anual média de 19,2%.
A Raymond James está overweight no papel e tem preço-alvo de US$ 1.900 por ação, 14% acima do fechamento de sexta-feira. A ação da Fairfax sobe 47% em um ano, e a empresa vale US$ 40 bilhões na Bolsa.
Markel Group
A Markel é outra das mini Berkshires mais óbvias, disse a Barron’s, já que a empresa também tem uma operação de seguros e US$ 12 bilhões investidos em empresas — a maior posição é a própria Berkshire.
Mas as semelhanças não param no modelo de negócios. A Markel faz um brunch em Omaha todo ano, no domingo seguinte à conferência da Berkshire, e sua comunicação com os acionistas é semelhante à desenvolvida por Buffett.
A ação da Markel sobe em média 15% ao ano desde a abertura de capital, em 1986, mas patinou nos últimos anos junto com sua área de seguros.
A gestora Madison Avenue Partners disse à Barron’s que está comprada no papel e vê o preço justo da ação em US$ 2.600, 32% acima dos níveis atuais. A ação da Markel subiu 22% em um ano, e a companhia vale US$ 25 bilhões na Bolsa.
Loews
A Loews possui três ativos principais: a Boardwalk Pipelines, que atua no mercado de gás natural; a rede hoteleira Loews; e uma participação de 91% na seguradora CNA Financial.
Assim como a Markel, a Loews tem um bom histórico de geração de valor, mas busca se recuperar de uma performance operacional fraca nos últimos anos. O novo CEO, Ben Tisch, prometeu continuar recomprando as ações da empresa.
Para a Boyar Research, a ação da empresa pode ir a US$ 121, 36% acima do último fechamento. O papel subiu 18% nos últimos 12 meses, e a Loews vale US$ 19 bilhões na Bolsa.
White Mountains Insurance Group
Com sede nas Bermudas, a White Mountains é mais uma companhia que combina ativos no setor de seguros — entre eles as marcas Ark e Bamboo — com investimentos em empresas, neste caso principalmente através de gestoras de private equity.
A White Mountains cresceu seu book value a 10% nos últimos 10 anos e recomprou quase metade de suas ações desde em 2017.
A empresa tem pouca cobertura no sellside, mas a Barron’s estima que a ação pode estar 15% abaixo do seu preço justo. A ação da White Mountains sobe 5% em 12 meses, e a companhia vale US$ 4,7 bilhões na Bolsa.
Howard Hughes Holdings
Para o seu projeto de Berkshire, Bill Ackman assumiu o controle da incorporadora Howard Hughes — da qual já era investidor — para tentar criar uma holding com negócios diversos, a começar por uma seguradora.
A Piper Sandler está overweight no papel e tem preço-alvo de US$ 85 – cerca de 30% acima do preço atual – esperando que a entrada de Ackman e da Pershing Square dê novos motivos para os investidores olharem para o negócio.
A Howard Hughes vale US$ 4 bilhões na Bolsa; a ação sobe 8% em 12 meses.
Greenlight Capital Re
Esta é uma resseguradora de pequeno porte que tem um histórico negativo desde que abriu o capital em 2007 e negocia com desconto em relação a seu valor patrimonial.
Além de haver poucas empresas lucrativas no setor com um preço tão descontado, a empresa seria uma oportunidade barata de investir com David Einhorn, o maior acionista da Greenlight e discípulo de Buffett como Ackman, disse a Barron’s.
O papel da Greenlight avançou 12% ao longo do último ano, e a empresa tem um valor de mercado de US$ 500 milhões.