Tão amada por seus investidores quanto os gatos e cachorros são mimados por seus clientes, a Petz estreia hoje na Bolsa tendo que honrar seu múltiplo de alto crescimento.

11142 cd0af343 5728 24a7 2350 7b18eac5a778Apesar de uma demanda extraordinária que justificaria vender a oferta no topo, o Warburg Pincus que vendeu 90% das ações da oferta não foi guloso e aceitou precificar no meio da faixa que ia de R$ 12,25 a R$ 15,25.

Com a ação a R$ 13,75, a companhia estreia na Bolsa valendo R$ 5,1 bi, ou 55 vezes o lucro estimado para 2021.  

Apenas 11% da oferta foi primária, e o Warburg Pincus saiu de forma elegante de um investimento que começou há quase sete anos, quando a Petz tinha apenas 27 lojas.

No final, o book tinha 138 investidores. Cerca de 70% da alocação foi para investidores locais, e o restante, internacionais. A oferta ficou 60% nas mãos de fundos long-only, e 40% com hedge funds. 

Fundada depois que seu criador, Sergio Zimerman, foi recusado como candidato a abrir uma franquia Cobasi, a Petz começou em 2002 mas só acelerou seu crescimento depois do investimento do Warburg Pincus.

Hoje a empresa tem 110 lojas em 13 estados o grosso em São Paulo e vai usar os recursos do IPO para expandir sua base de tijolos. Cada loja nova demanda um investimento de R$ 4 milhões.

Maior beneficiária da mudança estrutural na relação do humano com seu pet o que inclui rações melhores, tosas mais frequentes e banhos de R$ 80 a companhia faturou R$ 1,4 bi nos últimos 12 meses e tem sido consistente em seu histórico de abertura de lojas e crescimento de vendas. 

Depois de crescer 28% tanto em 2018 quanto em 2019, o faturamento subiu 37% no primeiro semestre deste ano evidência de que mesmo na pandemia os puppies têm prioridade. A margem EBITDA cresce um pouquinho todo ano e hoje está em 10%.

A Petz também tem feito um trabalho diferenciado no ecommerce, explorando aquela palavra que arrepia a nuca do buyside: “omnicanalidade”.  

Além de o ecommerce já representar 25% das vendas, quase 80% do faturamento online passa pela loja (ou no formato ‘ship from store’ ou ‘pick from store’), um número maior que o da Centauro, que costuma se destacar no assunto.

Os investidores estão apostando na capacidade de Zimerman de ganhar mais share num mercado cujo ritmo de crescimento é tão saudável que evita o rouba-monte. Apesar de grandes players como a Cobasi e a Petlove, o mercado pet é tão pulverizado quanto as raças de cachorros, e as grandes empresas acabam ganhando share dos pet shops.

Alguns investidores dizem que o setor não tem guerra de preços porque a indústria tem por hábito vigiar os preços de perto.

“A beleza da Petz como investimento é que é uma história bem limpa, sem grandes teorias,” diz um investidor. “O IPO vendeu fácil por isso. Depois da pandemia, ficou ainda mais claro que o setor é bom e que a Petz ganha share dentro dele. E tem zero de incentivo fiscal.” 

Zimerman chegou a dizer aos investidores, “Nós somos a Magazil: temos o crescimento da Magazine Luiza com a resiliência da Drogasil….” 

Os riscos daqui pra frente: se a empresa abrir lojas em lugares errados, a rentabilidade vai sofrer. “Sempre tem o risco de o cara perder a mão,” diz um investidor. O outro: uma oferta mais agressiva de um player online como a Petlove, que pode tentar acelerar seu ganho de share com frete grátis, por exemplo ainda que rasgar dinheiro não esteja no DNA do setor.

Depois da oferta, entre sua venda de ações e diluição com a primária, Zimerman reduziu sua participação de 45% para 35,4%. A Warburg Pincus ainda tem 5,5%.

Os coordenadores foram Itaú BBA (líder), Santander, Bank of America, JP Morgan e BTG Pactual.