As descobertas da Lava Jato têm sido tão avassaladoras que é fácil alguém esquecer que, simultaneamente aos desvios e superfaturamentos, o uso da Petrobras pelo governo causa prejuízos inestimáveis à empresa.

Inestimáveis, claro, é modo de dizer. brand

Um estudo do Deutsche Bank publicado hoje colocou na ponta do lápis os danos causados à Petrobras pela política de congelamento de preços dos combustíveis nos últimos anos e pela incapacidade da empresa de ajustar seu plano de negócios respondendo a este congelamento.

De acordo com o analista do Deutsche, Eduardo Vieira, o controle de preços subtraiu cerca 60 bilhões de reais do fluxo de caixa da empresa entre 2011 e 2014.

Se a Petrobras tivesse cortado seu programa de investimentos em 5% nos últimos oito anos, teria economizado outros 27 bilhões de reais.

Se tivesse reduzido seus gastos gerais e administrativos em 10% nos últimos cinco anos, outros 18 bilhões de reais estariam na conta bancária da empresa.

E, finalmente, se tivesse encolhido seus dividendos em 25% nos últimos cinco anos, teria economizado mais 10 bilhões de reais.

Resumo da imprudência: se o Governo não tivesse congelado a gasolina na bomba, e se a empresa tivesse, por cautela, tomado as medidas acima, o endividamento da Petrobras, que bateu em 4,6 vezes sua geração de caixa (EBITDA) no fim do terceiro trimestre, poderia ser hoje de apenas 2,6 vezes. (A propósito, quando fez seu controverso aumento de capital em 2010, a Petrobras disse que sua alavancagem se estabilizaria em 2,5 vezes nos anos seguintes.)

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PS:  Vamos ver se, depois de uma reeleição e de um petrolão, o PT vai reagir contra um analista de banco estrangeiro da mesma forma como crucificou os funcionários do Santander.

Da última vez, eles foram punidos por falar o óbvio.