O Patria Investimentos acaba de concluir a primeira rodada de captação do seu Reforest Fund, voltado para recuperar e desenvolver ativos agroflorestais na região da Mata Atlântica.
A gestora levantou R$ 100 milhões em um investimento liderado pela Desenvolve SP, a agência de fomento do Governo de São Paulo, que bancou metade do aporte. Também participaram o fundador do Nubank, David Vélez, Teresa e Candido Bracher – conhecidos conservacionistas – e a Enseada Family Office, da família Charbonnières.
Pedro Faria, o sócio e co-CEO da vertical de high growth do Patria, disse que uma segunda rodada deve ser anunciada até o fim do ano e em um valor ainda maior. A meta é mobilizar R$ 1,2 bilhão na tese.
“Já temos conversas com investidores que querem aportar cheque no valor total dessa rodada,” Pedro disse ao Brazil Journal.
Segundo o executivo, apesar da menor atenção dada por alguns investidores às teses ESG, o tema ambiental continua tendo o apoio de investidores sofisticados e engajados com a agenda climática.
Mas esses investidores estão buscando cada vez mais teses que conciliem impacto ecológico e social e retorno financeiro, “sem abrir mão de nenhum dos dois,” disse.
O Reforest Fund busca um retorno de pelo menos 12% ao ano em dólar. Para isso, a gestora vai focar na reabilitação de terras degradadas e no restauro da Mata Atlântica através do desenvolvimento de sistemas agroflorestais (chamados de SAFs), que combinam culturas agrícolas e florestas num mesmo espaço.
Beatriz Lutz, a portfolio manager de climate & forest do Patria, disse que é necessário criar uma integração da preservação da floresta com a atividade econômica.
No caso da Mata Atlântica, por exemplo, o Patria enxerga a possibilidade de exploração de culturas como café, cacau e avocado.
“A agrofloresta permite a equação risco-retorno bem otimizada, pois você consegue reduzir a volatilidade ao mesmo tempo em que segue criando impacto,” disse Beatriz.
A gestora já começou a mapear terras degradadas para adquirir, mas também pretende firmar parcerias com proprietários locais. Segundo Pedro, tudo dependerá da avaliação de viabilidade financeira.
O Patria também firmou uma parceria com a Pachama, uma startup do Vale do Silício que usa tecnologia para geração de créditos de carbono e monitoramento do mercado.
“A Pachama tem reconhecimento como um dos principais advisors das empresas americanas que têm compromissos climáticos, buscando não só mitigação mas também a compra de crédito de carbono,” disse Pedro.
Além disso, o Patria montou um time interno com pessoas que já atuam na atividade agroflorestal há anos. No total, são nove pessoas que vão realizar e monitorar os investimentos feitos.
Pedro compara o investimento em reflorestamento com a vertical de infraestrutura da gestora. Segundo ele, o time não vai ficar apenas no escritório da Faria Lima, mas também “sujar a botina de lama” ao desenvolver projetos e companhias que ainda nem existem.
“Não dá para se comportar simplesmente como um alocador de capital,” disse.
O gestor disse que após os primeiros deals as teses do Patria vão ficar mais claras para o mercado, o que deve atrair novos investidores.
Apesar de ter escolhido a Mata Atlântica como o bioma a ser trabalhado no curto prazo, Pedro não descarta investimentos em outras regiões.
A escolha do bioma foi fundamental para atrair a Desenvolve SP nessa fase inicial – boa parte do investimento dessa primeira rodada será feita no estado de São Paulo. Este histórico, inclusive, pode atrair novas agências de fomento.
“Temos tido boas conversas com agências de fomento e de desenvolvimento para trazer uma camada de blended finance, o que é um capital catalítico para o fundo,” disse o gestor.