Plataformas e assessores de investimento vêm se preparando para realocar os R$ 41 bilhões que devem ser injetados no mercado quando o Fundo Garantidor de Crédito pagar os valores investidos em CDBs do Banco Master, liquidado em novembro.

“Nem todos os mercados têm capacidade de absorver esse volume,” diz o executivo de uma das maiores assessorias do País. 

Para dar uma dimensão, o volume diário de negócios com ações na B3 está em torno de R$ 25 bilhões. Já o mercado secundário de debêntures negocia cerca de R$ 3 bilhões por dia, e o de títulos públicos, R$ 15 bilhões. 

A expectativa é que a maior parte dos recursos recebidos do FGC seja investida em crédito privado e títulos públicos. 

Se o fluxo para esses mercados for de fato expressivo – o que depende também de os investidores estarem com os cadastros em ordem – as taxas devem fechar novamente. 

“Não tem tanto produto assim para absorver essa demanda,” diz esse executivo. 

Alguns assessores pretendem sugerir aos clientes que uma parcela dos recursos seja investida em fundos imobiliários, que tendem a ser beneficiados com a esperada queda da Selic em 2026.

Como este é um mercado pouco líquido – negocia em torno de R$ 300 milhões por dia – mesmo volumes pequenos podem valorizar as cotas.

Já a Bolsa está praticamente fora do radar. “Não vamos sugerir investimentos de risco para esse cliente. Muitos estão entendendo agora como funciona o FGC e não precisam de mais sobressaltos,” Rodrigo Imperatriz, o CEO da Nomos, disse ao Brazil Journal.

Depois da alta de 33% do Ibovespa este ano, e às vésperas de um período potencialmente volátil, o interesse dos investidores por ações, que já era pequeno, ficou ainda menor.

“Passamos boa parte do ano dizendo que era para comprar Bolsa e quase ninguém ouviu. Agora não vamos indicar ações para um investidor que provavelmente vai se assustar com a volatilidade,” disse um assessor. 

Os recursos do FGC devem ser liberados em torno de 30 dias úteis depois da liquidação do Master, que aconteceu em 18 de novembro. O rendimento dos CDBs é apurado apenas até a data da liquidação.