Yonathan Yuri Faber já fundou três startups em oito anos — a Zaznu, a FalaFreud e a Pacotinho — mas ainda não achou seu unicórnio.

No final de 2020, quando teve que fechar a última empresa, sua esposa, que sempre o apoiou no empreendedorismo, chegou a provocá-lo:

11886 c56519a3 5cd6 94b0 3b11 775592551bcd“Não é melhor procurar um emprego?”

Mas Yonathan é brasileiro — e você sabe como o brasileiro lida com o verbo “desistir”.

Foi justamente numa das entrevistas de emprego que ele teve a ideia para sua quarta startup.

“Fui fazer uma entrevista na CloudKitchen, no Vale do Silício, e eles queriam criar um produto para ajudar os restaurantes a comprar suas mercadorias,” Yonathan disse ao Brazil Journal. “Eu pensei que se aquilo era um problema grande nos EUA, devia ser ainda maior no Brasil.”

No dia seguinte, ele ligou para Renan Pupin, seu sócio e CTO nas três startups anteriores. Em um mês, a dupla já estava trabalhando na Pantore.

A startup desenvolveu uma plataforma que funciona como uma compra coletiva para restaurantes. Ao juntar vários restaurantes para comprar o mesmo produto, a Pantore consegue negociar descontos, reduzindo os gastos em média em 17%.

E como muitos restaurantes já fazem suas compras por Whatsapp, negociando direto com vários fornecedores, a solução da Pantore também economiza tempo.

A Pantore fez uma rodada-anjo logo que nasceu, atraindo nomes como Paulo Silva, o ex-CEO do Walmart Brasil, e Daniel Magalhães, sócio da Virgo Inc. No mês passado, foi uma das selecionadas para o Y Combinator, levando um cheque de US$ 500 mil (cerca de R$ 3 milhões).

Por enquanto, a Pantore — que significa ‘despensa de comida’ em japonês — está fazendo as compras dos produtos com atacadistas como Makro, Giga e Atacadão.

Ela criou um algoritmo que compara os preços de mais de 2,5 mil produtos nessas lojas e depois oferece o mais barato para os restaurantes da base. Há também a economia de escala, já que no atacarejo os descontos são tão maiores quanto o volume da compra.

Mais à frente, o plano da Pantore é plugar sua plataforma direto na indústria — o que deve permitir ainda mais eficiência nos preços. A ideia é que os fabricantes deixem os produtos no CD da startup e ela faça o last mile para sua base de restaurantes.

A startup está entrando num nicho ainda pouco explorado no Brasil. Existem mais de um milhão de restaurantes no País, e a maior parte deles ainda faz as compras com distribuidores.

A meta de Yonathan é fechar o ano com 10.000 restaurantes cadastrados na plataforma e um GMV mensal de R$ 50 milhões. (A startup ganha uma comissão em cima das vendas.)

Para isso, ele está apostando na venda offline. A Pantore tem uma equipe comercial que vai todos os dias bater nas portas de bares e restaurantes de São Paulo apresentando a solução.

“Nosso objetivo era ser 100% digital, com anúncio no Google e nas redes sociais, mas isso não converte,” disse o CEO. “O típico dono de um restaurante é um cara que não está tão acostumado com o mundo digital.”

A Pantore terá que enfrentar a concorrência da Frubana, uma startup colombiana que opera com um modelo bem parecido, e da BEES, a plataforma da Ambev de compra de produtos para bares. A Frubana entrou no Brasil em outubro de 2020 e levantou US$ 65 milhões em sua última rodada.

“A gente tem um modelo mais eficiente que os deles, porque em vez de comprar e revender os produtos, a gente atua apenas como intermediário,“ disse o fundador. “Além disso, não acho que esse é um mercado de ‘winner takes all’. Nenhum player vai conseguir atender sozinho 500.000 restaurantes.”