Quando o UOL fechou seu capital em 2011, a maioria dos minoritários foi para casa reclamando dos termos da OPA, mas três deles permaneceram na empresa: o empresário João Alves de Queiroz Filho, o Júnior — mais conhecido por controlar a Hypera — seus sócios mexicanos e um fundo de private equity do BTG Pactual.

Agora, dois deles acabam de negociar sua saída, pagando um pedágio alto pela liquidez.

Na negociação com Luiz Frias — que controla o UOL, a Folha de São Paulo e a PagSeguro — Júnior e seus sócios mexicanos tiveram que aceitar um ‘haircut’ ao redor de 50% para converter suas ações do UOL nas ações líquidas e maravilhosamente precificadas da PagSeguro, além de um lockup leonino e atípico.

O grupo formado por Júnior e os mexicanos detinha 27% do UOL, que por sua vez detém 45,5% da PagSeguro — ou seja, de forma indireta, tinham 12,3% da PagSeguro.  Mas para trocar de veículo, o grupo aceitou ficar com apenas 6,5% da PagSeguro, ou 21,3 milhões de ações.  (Júnior tem 11,7 milhões; os mexicanos, 9,5 milhões).

Com a PagSeguro cotada ao redor de US$ 35, a posição do grupo vale cerca de US$ 747 milhões.

Mas ninguém vai por a mão na grana agora. O acordo inclui um lockup de dois anos, seguido de uma limitação que escalona as vendas em 1/12 da posição a cada mês.  Em outras palavras, liquidez total só daqui a três anos.

Para que os sócios aceitassem o haircut descomunal, Frias cedeu um pouco: depois de anos empoçando o caixa no UOL, aceitou pagar R$ 4 bilhões em dividendos, o que reduziu um pouco a facada.

A vida é dura, mas ninguém está chorando: um analista que acompanha o UOL desde o IPO estima que Júnior e seus sócios estão saindo com um ganho de quase 10x em dólar no período.

Mas Frias, uma vez mais, se saiu ainda melhor.