A agência David conseguiu sua redenção com o Bis.
Duas dezenas de trocadilhos infames em um filme de 1 minuto e 23 segundos fizeram um sucesso estrondoso logo na largada — e o estádio doravante conhecido como “MorumBis” virou o talk of the town das redes sociais.
Ontem, quando o comercial foi lançado e logo viralizou, muita gente respirou aliviada na Mondelez, a dona do Bis. (Era para os são paulinos e o Brasil terem ficado sabendo do novo nome do estádio apenas agora, mas o assunto vazou em dezembro.)
A empresa não revela o valor, mas está investindo pesado nos naming rights do estádio. O CMO da Mondelez, Álvaro Garcia, disse ao Brazil Journal que este ano fará o maior investimento de comunicação da história do Bis.
Na semana que vem, o estádio com o novo nome será inaugurado — mas a Mondelez quer que a sua marca também esteja associada ao entretenimento em geral.
“Nossa parceria não está diretamente conectada ao clube em si, mas ao Estádio MorumBis, que é sim a casa do São Paulo Futebol Clube, mas vai além disso. É um espaço de entretenimento, icônico e histórico para todos os brasileiros. No MorumBis muitos de nós já vivenciamos momentos inesquecíveis, seja envolvendo o esporte, shows e eventos em geral,” disse Garcia.
Quando uma empresa toma uma decisão de dar nome a um estádio, precisa enfrentar vários desafios — o primeiro deles é que o nome seja aceito e pegue. O investimento vai por água abaixo se todo mundo seguir chamando o estádio com o nome antigo.
Por isso a genialidade do comercial, feito pelos publicitários da David sob a batuta dos diretores de criação Fabrício Pretto e Rogério Chaves.
Eles usaram o humor para dizer que sim, é um trocadilho infame chamar o Morumbi de MorumBis. E, claro, isso só podia acontecer porque o Bis tem um “departamento corporativo de trocadilhos”, brinca o comercial.
“É o primeiro naming right em que o nome do estádio não desaparece”, Pretto disse ao Brazil Journal. “É só um s a mais”.
Pretto conta que usar trocadilhos com o Bis não foi novidade na agência. Há cerca de dois anos eles lançaram uma campanha icônica chamada a-Bis-tinência — um comercial divertido sobre o que as pessoas fazem pelo último Bis.
Mas agora a David levou os trocadilhos a um novo patamar. Foram 13 redatores para rechear o comercial com quase duas dezenas de piadinhas infames.
E nos comentários do vídeo — que em uma dia e meio teve 6,1 milhões de visualizações no Instagram — os consumidores já usaram várias dezenas de novos trocadilhos.
O sucesso do comercial também é notado porque ele viralizou sem nenhum investimento de impulsionamento. Foi lançado no meio da manhã da terça-feira e ainda era meio-dia quando o filme já aparecia com “encaminhado com frequência” no WhatsApp.
Esse sucesso inicial foi uma redenção para a David. No ano passado, eles enfrentaram uma crise daquelas com o Bis quando a marca decidiu usar o influenciador Felipe Neto.
O objetivo da campanha era fazer com que a marca se aproximasse do mundo geek, do qual Felipe é um representante. Mas a reação imediata de bolsonaristas nas redes sociais foi pedir um boicote ao chocolate, já que Felipe foi cabo eleitoral de Lula.
Como bem lembra a COO da David, Sylvia Panico, uma ideia forte anda sozinha. Para o bem e para o mal.
Ela lembra o sucesso da campanha do Burger King nas eleições de 2018, quando a empresa falou da importância de não se votar em branco. Todo ano de eleições, aquela campanha volta a ganhar as tias do zap. (O termômetro de sucesso de um comercial, entre os publicitários, é quando as tias começam a compartilhar).
Sylvia lembra ainda de uma campanha que deveria ser apenas para os funcionários da Coca-Cola mas saiu do escritório e ganhou as ruas organicamente. No dia do Orgulho Gay, os funcionários receberam uma Coca com uma fanta dentro, e um bilhete: “essa Coca é Fanta.” A ideia virou até fantasia de Carnaval.
Ontem, foi mais um dia de a David saborear o sucesso de uma campanha. Mas a próxima crise talvez já esteja contratada: imagina o dia em que o São Paulo tomar um chocolate em pleno MorumBis…