Um ano depois do anúncio da aquisição da Wickbold, a mexicana Bimbo acaba de ter o negócio aprovado pelo CADE, que impôs alguns remédios. 

A subsidiária brasileira da Bimbo, dona de marcas como Pullmann, Ana Maria e Rap 10, precisará vender a marca de pães Nutrella e a de tortilhas Tá Pronto.

O CEO da Bimbo no Brasil, Alfonso “Poncho” Argudin, disse ao Brazil Journal que a decisão não muda os planos da Bimbo para a Wickbold. Segundo ele, a venda dos ativos vai impactar em cerca de 4% o market share da empresa combinada. 

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Com a aquisição, a Bimbo vai chegar a 37% de participação no mercado de panificação – que engloba todos os tipos de pães. A segunda colocada é a Panco, com cerca de 18%.

“É a junção do primeiro com o terceiro e que vai representar a entrada da Bimbo em negócios que não estávamos, como panetones e biscoitos,” disse o CEO. 

Além das marcas, a Bimbo está adquirindo as quatro fábricas da Wickbold – chegando a 14 no total – e dez centros de distribuição. No total, 2,5 mil colaboradores serão absorvidos pela empresa mexicana.

O CEO disse que as sinergias ainda não foram calculadas, mas que enxerga uma grande economia com a união da cadeia logística das empresas. Além disso, segundo ele, os produtos da Wickbold terão um mercado maior ao terem acesso à rede de distribuição da Bimbo. 

Dados da Euromonitor, compilados pelo BTG à época do anúncio da aquisição, mostravam que a Wickbold teve um faturamento de R$ 3,5 bilhões em 2023 – sendo 67% provenientes da marca Wickbold e 29% da SevenBoys. Os 4% restantes vinham do Bolo Suíço. 

A Bimbo vem fazendo uma série de aquisições desde o ano passado. Em 2024, foram quatro M&As: além da Wickbold, comprou a espanhola Amaritta, a eslovena DonDon e a uruguaia Pagnifique. Neste ano, adquiriu a produtora de pães romena Karamolegos.

Segundo Poncho, a empresa continua aberta para possíveis aquisições no mercado brasileiro, mas “o foco agora é na integração da operação da Wickbold.” 

Mas o CEO enxerga um maior potencial para aumentar o tamanho da operação organicamente. Poncho disse que já há negociações com alguns estados para uma nova fábrica. 

A Bimbo, que tem capital aberto no México, viu sua receita crescer 9,4% para US$ 5,8 bilhões no segundo trimestre. 

A América Latina representa cerca de 10% desse total, mas cresce mais rápido. No período, o avanço na região foi de 17,4%.

Mesmo não divulgando o faturamento no Brasil, Poncho disse que a Bimbo dobrou de tamanho no País desde 2020, e que o País se tornou o quinto mercado da Bimbo – muito graças à entrada em novos segmentos. 

Nos últimos anos, a empresa entrou em produtos como  salgadinhos, com a marca Takis, além de guloseimas, como brownies, sob a marca Pullman.

Segundo o CEO, a Bimbo vê potencial para acelerar o mercado de bagels e muffins no Brasil, além de trazer novas marcas como a Salmas – um biscoito de milho saudável.

“O nosso maior potencial é o de aumentar o nosso portfólio com os produtos que já temos fora do Brasil. Não somos apenas uma empresa de pães, mas de alimentos,” disse.

As ações do Grupo Bimbo caem 4% nos últimos doze meses. A empresa vale US$ 15,3 bilhões.