Dear inhabitants of Trappist-1 planetary system, greetings from Earth!
We are sending this transmission as a gift to you, our cosmic neighbors, so you can experience the beauty of our greatest garden: the oceans.
Com essa brincadeira, estudantes de computação da Unicamp “convidam” os possíveis habitantes de um sistema planetário vizinho, distante a mais de 40 anos-luz do Sistema Solar, a conhecer as maravilhas da vida nos oceanos e sua importância (especialmente a do fitoplâncton) para a vida na Terra.
O projeto Greetings from Earth – uma jornada imersiva na ciência dos oceanos por meio de gráficos animados e um game – acaba de ser um dos grandes premiados no que é considerado o maior hackathon do mundo: o NASA International Space Apps Challenge, promovido todo ano pela incubadora da agência espacial americana.
O grupo ficou com o primeiro lugar na categoria Galactic Impact, uma das 10 em disputa. O campeonato acontece desde 2011.
A mensagem deles foi para mostrar que a Terra é muito mais água do que se imagina – e que sem os oceanos não estaríamos por aqui. Os estudantes escolheram como alvo o sistema Trappist-1 porque lá estão planetas que reúnem condições promissoras para a existência de seres vivos.
“Nossa equipe foi premiada como a solução com o maior potencial de melhorar a vida na Terra ou no Universo,” Bruno Amaral Teixeira de Freitas, aluno do quarto ano de Engenharia de Computação e o líder do grupo, disse ao Brazil Journal.
“Gosto de astronomia desde criança. Logo no primeiro ano da faculdade, quando fiquei sabendo do hackathon da NASA, decidi participar. Mas naquela vez entrei sozinho, ainda sem muito conhecimento,” contou Bruno. “No ano passado, convidei os colegas mais talentosos que conheço para entrarmos juntos na disputa.”
Além de Bruno, participaram do grupo Andreas Cisi Ramos, Bernardo Panka Archegas, Naim Shaikhzadeh Santos e Felipe Gabriel Brabes da Silva, todos alunos de Engenharia da Computação, além de Daniel Yuji Hosomi, estudante de Ciência da Computação.
A maratona de programação ocorreu em um final de semana de outubro. Depois de receberem um briefing numa sexta-feira à tarde com 30 opções de temas, os estudantes tiveram até a noite de domingo para entregar o trabalho final.
“Ficamos acampados na Unicamp,” disse Bruno.
A qualidade do trabalho, feito em tão pouco tempo, impressiona. Os estudantes se aproveitaram da base de dados e imagens de satélite disponibilizadas pelas NASA.
No app desenvolvido pelos garotos, é possível visualizar gráficos e animações que exibem a concentração de clorofila nos oceanos, a temperatura da água e os níveis de radiação emitidos pela fotossíntese do fitoplâncton.
No game, o usuário precisa ajudar um jardineiro do oceano a escapar das profundezas do mar. Para tanto, o jogador precisa responder corretamente a questões baseadas no conhecimento adquirido depois de navegar pela plataforma.
Outros dois grupos brasileiros também saíram vitoriosos neste ano.
A equipe Space Quest Maidens, formada por garotas que estudam do Senai em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, levou a categoria Most Inspirational. Elas fizeram uma ferramenta para ensinar crianças sobre a mecânica dos eclipses.
Fizeram parte do grupo Samara da Silva Vieira Santos, Sara Jhenyfer Soares de Lima, Kezia Alexandre Oliveira de Souza, Jennifer Christine Marques Leite e Larissa Vargas dos Santos.
Já o time Arcobaleno, de estudantes da Universidade Federal de Itajubá, ficou com o prêmio Global Connection. Eles criaram um método que transforma imagens em sons, assim deficientes visuais conseguem explorar fotos da NASA.
A equipe foi formada por Talita Marçal Pereira, Thaís Ferreira Duarte, Vítor Brumano Andrade Cardinali, Lucas Vicentini dos Santos e Júlia Marques Guidolim.
A competição mobilizou quase 58 mil estudantes de todo o mundo, em 8.715 equipes de 152 países. A premiação, que colocou o grupo da Unicamp entre os dez vencedores, foi anunciada em janeiro.
No final de maio, os brasileiros estarão ao lado dos vencedores de outros países em uma cerimônia na sede da NASA em Washington.
A viagem inclui uma visita ao Goddard Space Flight Center, o laboratório americano que reúne o maior número de pesquisadores dedicados a desvendar os segredos do Universo. O centro liderou missões espaciais como as dos telescópios Hubble e James Webb.
Bruno, que é de Curitiba, atualmente faz estágio em uma startup de inteligência artificial fundada por um professor aposentado da Unicamp, a NeuralMind.
“O hackathon da NASA é uma grande experiência de como fazer algo interessante e aprender muito pelo caminho,” disse Bruno. “Quis estudar computação justamente pela possibilidade de criar coisas novas, produtos, softwares. No futuro penso, quem sabe, fazer um MBA e empreender nessa área.”
SITES DOS VENCEDORES