A palavra ‘crescimento’ foi a que mais apareceu na boca das empresas nessa temporada de balanços.
A constatação é do Santander, que pegou os releases e transcrições de conference calls das companhias e fez um word cloud para medir as palavras mais mencionadas em cada setor.
‘Growth’ foi destaque em 9 dos 17 setores: bens de capital; educação; instituições financeiras; alimentos e bebidas; saúde; tecnologia, mídia e telecom; transportes; varejo e income properties.
“A grande incidência da palavra ‘crescimento’ surpreendeu, já que estamos vivendo um momento de aumento de custo de capital significativo para as empresas”, Aline de Souza Cardoso, a estrategista institucional de ações do Santander, disse ao Brazil Journal.
‘Digital’ foi a palavra mais mencionada nos setores de varejo e educação; e ‘aquisições’ o assunto mais frequente no setor de saúde.
No setor de bancos – que está apartado de instituições financeiras na análise – ‘crédito’ dominou as citações, e ‘default’ quase não apareceu.
Em setores ligados a commodities – siderurgia e mineração, celulose, óleo e gás e agribusiness – ‘preço’ foi de longe a palavra mais citada. “Está todo mundo mais preocupado com uma recessão, que deve derrubar os preços das commodities,” disse Aline.
Das palavras aos números
No segundo tri, as empresas aumentaram sua receita em 21% na média, enquanto o EBITDA teve alta média de 15%.
“As empresas não conseguiram repassar para o preço todos os aumentos de custos que tiveram nos últimos 12 meses,” disse Aline.
Os números também mostram uma queda significativa no lucro, (17,8%), um sinal de que a alta das despesas financeiras, por conta da alta dos juros, está corroendo a rentabilidade das empresas, disse Aline.
Da amostra de 138 empresas, 70,9% tiveram crescimento de receita acima da inflação; mas somente 36% das empresas cresceram o lucro acima da inflação; 41% das companhias tiveram expansão da margem EBITDA e 29% registraram crescimento da margem líquida.
Dentre as empresas acompanhadas pelo Santander, os resultados mais positivos foram de Cielo, Banco do Brasil, Minerva, Ambev, Lojas Renner, Santos Brasil e Hapvida. As empresas cujos números decepcionaram foram: Marcopolo, Movida, Petz, Sabesp e EZTEC.