Depois da Méliuz, o Brasil em breve terá mais uma empresa na Bolsa dedicada à estratégia de acumular bitcoins – replicando o modelo de negócio e a engenharia financeira da americana Strategy, de Michael Saylor.

A Oranje, uma companhia de investimentos em bitcoin recém-criada, está próxima de abrir seu capital na B3, com o objetivo de se tornar a maior bitcoin treasury company da América Latina, fontes a par do assunto disseram ao Brazil Journal.

Enquanto a Méliuz possui em sua tesouraria 605 bitcoins, o equivalente a US$ 67 milhões na cotação de hoje, a Oranje já teria assegurado mais que o triplo dessa quantidade, de acordo com as fontes ouvidas pelo Brazil Journal.     

O fundador e CEO da Oranje é Guilherme Gomes, que foi presidente da empresa americana de criptoativos Swan Bitcoin e antes trabalhou anos na Bridgewater Associates, de Ray Dalio.

Guilherme Affonso Ferreira Filho, o Guiga, um dos controladores da Bioma Educação, será o CFO da Oranje.

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A Oranje – que hoje tem capital fechado – vai se listar na Bolsa por meio de um IPO reverso.  A empresa deve se fundir com o CNPJ do Intergraus, o cursinho pré-vestibular da antiga Bahema Educação (agora Bioma), uma empresa de educação básica fundada por Affonso Ferreira. A Bioma recentemente fez um spinoff do Intergraus, que já está listado na B3. 

Essa etapa da transação ainda depende de acertos finais e aprovações regulatórias, mas o processo caminha para ser concluído nas próximas semanas.

Os executivos da Oranje e da Bioma não comentaram. O Itaú BBA está assessorando a companhia na operação.

Em um fato relevante publicado ontem à noite, a Bioma informou a conclusão da venda do Intergraus para a Oranje, e disse que continuará prestando suporte administrativo ao Intergraus até o final deste ano.

Já a Oranje afirmou que a aquisição do cursinho “está alinhada com a sua estratégia de estruturar uma plataforma educacional em cursos livres” e disse que “as atividades educacionais serão mantidas.”

As empresas de tesouraria de bitcoin tipicamente oferecem uma oportunidade de exposição ao ativo para investidores institucionais que não podem, por estatuto, alocar recursos em criptoativos.

Essas companhias também conseguem alavancar o investimento em bitcoin e em outras moedas digitais por meio da venda de ações e de empréstimos conversíveis em ações. Com esses recursos, elas adquirem mais criptomoedas.  

Saylor foi o pioneiro nesse tipo de estratégia. Em 2020, ele começou a transformar a MicroStrategy, uma desenvolvedora de softwares, em uma bitcoin treasury company. Em fevereiro, o nome da empresa passou a ser simplesmente Strategy.

Entre as companhias listadas, a Strategy é dona da maior reserva de bitcoins do mundo, com 629 mil bitcoins – um ‘tesouro’ superior a US$ 70 bilhões – e negocia na Bolsa a um prêmio sobre o valor líquido de seus ativos, ainda que este prêmio esteja evaporando nas últimas semanas.

Nos últimos anos, diversos copycats da Strategy surgiram ao redor do mundo, tanto de empresas que pivotaram seus negócios e outras que já nasceram para acumular criptoativos.