A ação da Oncoclínicas subiu mais de 7% hoje com a companhia ficando mais perto de um aumento de capital que poderia injetar R$ 1,5 bilhão em seu caixa, ajudando a reduzir seu alto endividamento.

Os acionistas da rede oncológica aprovaram hoje em assembleia o aumento do capital social em até 800 milhões de novas ações, abrindo espaço para a operação. Agora, o conselho precisará aprovar o tamanho e as condições do aumento de capital.

O plano da Oncoclínicas é levantar de R$ 1 bilhão a R$ 1,5 bilhão, uma fonte próxima à empresa disse ao Brazil Journal.

Para tornar a operação mais atrativa, a Oncoclínicas pretende permitir que os detentores de dívidas da empresa possam usar essas dívidas para subscrever o aumento de capital, disse a fonte.

bruno ferrari

A companhia fechou o segundo trimestre com uma dívida líquida de R$ 3,9 bilhões, com uma alavancagem de 4,4x seu EBITDA dos últimos doze meses.

O aumento de capital poderia reduzir essa alavancagem para entre 3x a 3,5x EBITDA.

Os maiores acionistas da empresa hoje são o Centaurus, o fundo americano que é co-investidor da Goldman Sachs e tem 37% do capital; o Banco Master, com 15%; a Latache, com 14%; e o CEO Bruno Ferrari, com 8%.

Naturalmente, o Master não participaria e seria diluído dado sua situação delicada — mas os demais acionistas estão avaliando entrar na operação, segundo a fonte. 

O aumento de capital faz parte de um movimento mais amplo da Oncoclínicas para melhorar sua estrutura de capital. A companhia já fez duas vendas de hospitais nos últimos meses, levantando cerca de R$ 160 milhões, e está avaliando vender sua participação na JV que criou na Arábia Saudita em agosto do ano passado, dada a elevada demanda de capex do projeto. 

A Oncoclínicas queimou R$ 570 milhões em caixa no segundo trimestre — a maior parte por conta das despesas financeiras das dívidas. Houve, no entanto, um impacto de R$ 120 milhões do não pagamento de fontes pagadoras, especialmente a Unimed Ferj, e de R$ 80 milhões do capex da JV na Arábia Saudita. 

No total, a dívida da Unimed Ferj com a companhia é de quase R$ 800 milhões, que serão pagos em 94 parcelas.

Em agosto, a Oncoclínicas parou de atender os clientes da Unimed Ferj, dado o não-pagamento, mas fechou um acordo ontem para voltar a atender alguns poucos clientes pelo período de 2 meses por um pedido da ANS, que vinha recebendo muitas reclamações de clientes da Unimed Ferj. O atendimento da Oncoclínicas será feito mediante o pagamento antecipado dos serviços pela operadora. 

A Oncoclínicas ainda não fechou o sindicato para a oferta, mas deve definir os nomes dos bancos já nas próximas semanas. 

A expectativa da companhia é que o aumento de capital ocorra ainda este mês.

A ação da Oncoclínicas cai 43% nos últimos 12 meses, com a empresa valendo R$ 2 bilhões na Bolsa.