A oferta de R$ 47 por ação pela Braskem – que fez o papel decolar no pregão de sexta-feira – parece menos apetitosa do que fazem crer as headlines.
Segundo um banco debruçado sobre o assunto, o valor presente da oferta fica mais próximo de uma faixa entre R$ 25 e R$ 30, na melhor das hipóteses.
A oferta conjunta da Abu Dhabi National Oil Co. e da Apollo Global Management foi apresentada aos bancos credores da Novonor, que detêm as ações da Braskem como garantia.
A Novonor tem 50,1% do capital votante da Braskem.
A oferta tem três partes, cuja soma dá os R$ 47.
Os primeiros R$ 20 serão pagos em dinheiro, mas o valor final pode ser impactado se o comprador encontrar algum esqueleto durante o processo de due diligence, segundo os termos da oferta não-vinculante.
Outros R$ 20 serão pagos com títulos perpétuos remunerados a uma taxa de 4% ao ano. Se descontados a um ‘cost of equity’ de 15% (uma estimativa potencialmente conservadora, dado o custo de captação com a Selic a 13,75%), o valor presente fica mais perto de R$ 5 – 25% do valor nominal anunciado.
A proposta tem ainda R$ 7,14 a serem pagos na forma de warrants. Como não há informações adicionais sobre as condições de pagamento do warrant (tipicamente atreladas ao desempenho da ação), é impossível calcular o valor presente desta parcela.
Os interessados na Braskem estão mantendo conversas individuais com os bancos, que ainda não se organizaram num comitê. Mas uma fonte que participa do processo espera que o prazo para recebimento das ofertas vinculantes seja estabelecido em breve, e que o processo comece sua fase final a partir de julho.
A Braskem tem pelo menos dois outros interessados: a Unipar, do empresário Frank Geyer Abubakir, e a J&F Investimentos, dos irmãos Joesley e Wesley Batista.
Há ainda, a toda-poderosa Petrobras, que tem 36% do capital da Braskem e fornece a nafta, a matéria-prima para a empresa. Em linha com as ambições estatizantes do Governo Lula, a Petrobras tem demonstrado ao mercado interesse em comprar o ativo.