A Oakberry está levantando R$ 100 milhões com a Moriah Asset, a empresa de investimentos de Fabiano Zettel focada no setor de wellness – numa transação que capitaliza a marca sinônimo de açaí para recomprar franquias e abrir lojas próprias em alguns de seus maiores mercados internacionais. 

A captação é uma extensão da rodada que a empresa fez com o BTG Pactual em dezembro do ano passado, quando o banco investiu R$ 325 milhões na companhia, entre primária e secundária. 

11853 cd5ed698 7798 f796 38c3 cbf893d51b27A capitalização de hoje – que também envolve uma parcela primária e outra secundária – deu saída parcial ao empreendedor de franquias José Carlos Semenzato, que investiu na Oakberry em 2019. 

A estratégia da Oakberry é usar os recursos da rodada para comprar o controle de algumas de suas masters franquias fora do Brasil. 

A companhia deve começar a fazer esse movimento pela Austrália, Espanha e Portugal, suas operações mais antigas e onde o “term sheet já está assinado e avançando bem,” o fundador e CEO Georgios Frangulis disse ao Brazil Journal. No começo do ano que vem, será a vez de mercados como os Emirados Árabes e o Catar.

“Nossa ideia é comprar os mercados onde já estamos consolidados e nos quais entramos há 5 ou 6 anos,” disse Frangulis. 

A Oakberry vai comprar o controle da operação do master franqueado, mantendo-o como sócio. “Com isso, vamos poder consolidar os resultados no nosso balanço, mas não vamos ter a alocação de G&A nesses países.”

Outro plano é usar parte dos recursos para abrir lojas próprias em mercados relevantes dos Estados Unidos, como Nova York e Los Angeles. 

O movimento é uma mudança de rota relevante para a Oakberry, que vinha apostando até agora em crescer com o modelo asset light das franquias. Hoje, a rede tem apenas 50 lojas próprias de um total de 770. 

A recompra vai permitir que a Oakberry tenha mais controle da experiência do consumidor, além de turbinar sua receita.

 A Oakberry já é uma empresa mais internacional do que brasileira. A rede está presente em 50 países, e sua operação internacional responde por 75% do faturamento das lojas e 80% do EBITDA. 

Este ano, a Oakberry projeta faturar R$ 800 milhões e ter 880 lojas operando até o final do ano, em comparação às 770 de hoje. No ano que vem, o GMV da rede já deve subir para R$ 1,2 bilhão, com a Oakberry chegando a 1.200 lojas em operação.

O movimento de internacionalização da Oakberry começou em 2018 com a entrada nos Estados Unidos, e tem se provado um raro caso de sucesso num setor que já viu diversas empresas tentarem levar o açaí para o mundo – e ficarem com a tigela vazia.

Frangulis disse que a diferença da Oakberry em relação a essas outras empresas é que todas tinham um perfil mais ‘comoditizado’, sem um grande investimento na marca. Além disso, todas decidiram começar a internacionalização entrando pelo canal de supermercados, que têm margens mais difíceis. 

A Oakberry, por sua vez, escolheu apostar tudo na marca — incluindo campanhas de marketing na Fórmula 1, em torneios de tênis e no Super Bowl — e numa experiência de loja “que fizesse as pessoas quererem consumir aquilo todo dia,” disse o CEO. “Só depois começamos a pensar em entrar no supermercado.” 

No Brasil, a Oakberry entrou nos supermercados há apenas um ano, seis anos depois de sua fundação. No exterior, ela vai começar esse movimento só agora. 

Fabiano Zettel okFrangulis disse que a entrada da Moriah no cap table vai ajudar também nessa frente, já que Fabiano tem experiência com diversas outras marcas que já operam nesse canal. 

O investimento na Oakberry é o maior já feito pela Moriah, que nos últimos três anos já investiu em 18 empresas de wellness, incluindo a Desinchá, Push & Pow, Frutaria São Paulo e Empório Frutaria e a marca de chocolates saudáveis Haoma.

Com o investimento, a Moriah está entrando para o bloco de controle, que é composto também pelos fundadores e detém 60% do capital. Os outros sócios relevantes são o BTG, um fundo de clientes da Kilima Asset e Felipe Massa, o corredor de F1.

Fabiano disse que a vocação da Moriah não é a de um investidor financeiro, e sim a de um sócio operacional das empresas em que investe. 

“Eu gosto de colocar a mão na enxada,” disse ele. “Se eu tiver que ir abrir a loja da Oakberry na Faria Lima porque deu algum pau no sistema, eu vou lá, abro e toco a loja por um dia.”

Ele disse que já acompanha a Oakberry há anos e sempre quis investir na empresa, porque ela conseguiu ir “além do açaí.”

“A Oakberry fez algo parecido com o que a Red Bull fez, que é se tornar uma marca de lifestyle, com uma comunidade no seu entorno,” disse ele.