Até os mais otimistas estão começando a se preocupar.

Com o S&P 500 terminando o ano em alta de 29%, há cada vez mais investidores achando que o mercado botou o carro na frente dos bois.

Edward Yardeni, um bull convicto e ex-chief investment officer da Prudential e do Deutsche Bank, acredita que uma correção nos preços está cada vez mais próxima. 

“Estou preocupado com essa possível pernada para cima [meltup],” Yardeni disse ontem à CNBC. “Eu venho apostando que o S&P vai chegar a 3.500 pontos até o final do ano que vem, e estamos chegando lá bem mais rápido do que eu imaginava.”

Segundo ele, a consequência dessa alta acelerada pode ser uma correção de 10% a 20% no preço das ações.

Em novembro, Yardeni já havia alertado para os riscos de uma aceleração do bull market: “Eu só não quero algo ‘bom demais’. Eu gostaria que esse bull market continuasse num ritmo tranquilo, e não num ritmo que leve a um meltup.”

Yardeni não está sozinho em prever uma correção cada vez mais provável.

Jack Ablin, o gestor da Cresset Capital (e outro otimista convicto), também acredita numa correção do S&P de pelo menos 15% no início de 2020.

“Os valuations estão extremamente esticados,” disse ele à CNBC. “Tivemos uma alta de 30% este ano frente a um crescimento no lucro das empresas de apenas 3%.”

Ablin — que administra US$ 6,7 bilhões — está diminuindo sua exposição à Bolsa. Em agosto, ele migrou 30% dos ativos da Cresset para investimentos de private equity e caixa, acreditando que as ações estavam muito caras. Desde então, ele não tem colocado mais dinheiro na Bolsa, mas também não vendeu nenhuma ação. E, se o mercado corrigir, ele pretende comprar mais.

“De uma perspectiva de valuation, é difícil acreditar que teremos mais expansão de P/L sem as taxas de juros caírem,” disse ele. 

Ablin acredita que 2020 será um ano de payback — em que as ações voltarão ao seu valor justo e os preços seguirão apenas o crescimento dos lucros, sem expansão de múltiplos.