O que está carregando a melhora na rentabilidade do Itaú Unibanco é o banco de atacado — num momento em que o banco de varejo continua sofrendo com o aumento do cost of risk e da concorrência.
A constatação é do UBS BB, que destrinchou os retornos do Itaú por segmento e produto.
Os analistas notaram que o Itaú conseguiu retomar seu patamar histórico de rentabilidade nos últimos trimestres — com um ROAE superior a 20% — mas que essa melhora não foi homogênea.
Enquanto o ROAE do banco de atacado atingiu um high histórico de 32% no segundo trimestre, o do banco de varejo caiu para 16,5% pelo aumento no cost of risk (o índice que relaciona as despesas com provisões e a carteira de crédito) e o impacto da concorrência em produtos como cartão de crédito e conta corrente.
Até 2020, o banco de varejo tinha uma rentabilidade acima de 30%. Desde o terceiro trimestre do ano passado, no entanto, ela está abaixo de 20%.
Esse cenário fez com que a participação do banco de varejo no resultado do Itaú caísse para 36% no acumulado de 12 meses até julho — bem abaixo da média histórica de 44%.
Já o resultado do segmento corporativo representou 50% do lucro consolidado do Itaú nesse período, muito acima da média histórica de 32%.
Os analistas disseram que o cost of risk do banco de varejo aumentou significativamente nos últimos trimestres, ficando acima da média trimestral pré-covid, de 6,2%. (No segundo tri, o cost of risk foi de 6,9%.)
No banco de atacado, o movimento foi no sentido contrário.
Com a melhora na qualidade da carteira de empréstimos corporativos do banco, o cost of risk atingiu suas mínimas históricas trimestrais de 0,1% — um patamar muito baixo e fora do normal, segundo os analistas do UBS BB.
O pico recente foi no primeiro trimestre de 2020, quando o cost of risk chegou a 3,9%
O UBS BB acredita, no entanto, que essa situação não é sustentável, e que a rentabilidade do negócio de atacado deverá entrar em declínio daqui para a frente.
“O nível de provisão (e atraso) da carteira corporativa está muito baixo e deve crescer ao longo do tempo, voltando para patamares mais próximos da média histórica,” o analista Thiago Batista disse ao Brazil Journal. “Obviamente, não é esperado que o nível de provisão (ou atraso) volte para os níveis de 2015 e 2016, que foram atipicamente elevados.”
Em 2015 e 2016, o cost of risk do atacado chegou a perto de 5%.