A China já tinha ido para o brejo quando Larry Summers — o vaidoso ex-Secretário do Tesouro americano — foi para o Twitter dizer: “Assim como em agosto de 1997, 1998, 2007 e 2008, nós podemos estar no estágio inicial de uma situação bem séria.”

Summers acabara de escrever uma coluna para o Financial Times dizendo, basicamente, que o Fed não deveria — nem que a proverbial vaca tussa — aumentar os juros no mês que vem, como já está devidamente sinalizado.

No final do dia, Richard Fisher, o ex-membro do Fed de Dallas, comentou: “Com todo o devido respeito ao Larry e seu cérebro prodigioso, eu discordo dele nesse assunto.”

Sim, um aumento de juros do Fed vai secar ainda mais a já claudicante liquidez internacional, mas ajudaria também a lembrar aos viciados em ‘free money’ que dinheiro tem, sim, um custo.

A origem da quase tragédia de hoje está na China, onde a economia encolhe a olhos vistos. No gráfico abaixo, a linha escura mostra a média dos últimos quatro anos para indicadores-chave da economia chinesa; a linha vermelha mostra onde estamos hoje:

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Como vc já sabe, o espirro na China se traduziu num acesso de tosse e vermelhidão nos mercados brasileiros.  O dólar rompeu a resistência de R$3,50 que estava respeitando, e o mundo passou a cobrar mais caro para proteger credores de um eventual default brasileiro:

 

brazil impact

Num dado momento, não importava se você era a Coca-Cola ou se sua empresa tinha a mágica da 3G, como a Kraft: na abertura de Nova York, muita gente boa caiu 15% — mas os preços recuperaram a sanidade no fim do dia. O choque era visível no rosto de Jim Cramer, o maior chefe de torcida do investidor pessoa física nos EUA (que, se não perdeu as calças hoje, envelheceu cinco anos):

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Parte do problema — só uma parte — tem a ver com a própria estrutura dos mercados.  O que chamamos de Bolsa hoje é algo muito mais irracional, errático e ilógico do que nos tempos em que Warren Buffett comprou suas primeiras açõezinhas…  Hoje, o investidor médio segura uma ação por pouquíssimo tempo:

Volatilidade

Como diria um corretor das antigas — meu amigo Klebinho (que faz aniversário esta semana e já viu uns 10 ‘bear markets’ ao longo da vida) — “o bom do mercado financeiro é que tem todo dia…”

Mas o saldo de hoje?

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